Título: Acordo prevê saída de Zelaya
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2010, Internacional, p. A20
Presidente eleito de Honduras promete dar salvo-conduto a deposto
AVANÇO - Lobo (2.º à esq.) e Fernández em Santo Domingo: Zelaya, abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, irá para República Dominicana
SANTO DOMINGO O presidente eleito de Honduras, Porfírio Lobo, e o chefe de Estado da República Dominicana, Leonel Fernández, assinaram ontem um acordo para que o líder hondurenho deposto, Manuel Zelaya, vá para Santo Domingo após a posse do novo governo, na quarta-feira.
Segundo o acordo, Zelaya e sua família poderão sair de Honduras com um salvo conduto e viajar para a República Dominicana com Fernández na qualidade de hóspedes.
Fernández disse, após receber Lobo no palácio presidencial, que as negociações começaram há mais de um mês e Zelaya sabia que elas estavam ocorrendo.
O presidente deposto, que está refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde setembro, quando voltou escondido a Honduras, considerou como "um bom gesto" o anúncio de Lobo. Zelaya disse à agência EFE que Fernández lhe telefonou para informar sobre o acordo.
Segundo Zelaya, Lobo tomou a decisão para "adotar uma distância da ditadura de Roberto Micheletti (presidente do governo de facto em Honduras)". Zelaya foi deposto em 28 de junho após convocar uma consulta popular sobre uma Assembleia Constituinte. Seus opositores o acusaram de tentar mudar a Constituição para obter um novo mandato, o que é proibido no país.
Lobo venceu as eleições de 29 de novembro, que muitos países não reconhecem porque foram organizadas pelo governo de facto de Micheletti. O presidente eleito promove no Congresso uma anistia a Zelaya que, segundo alguns deputados, poderia beneficiar os militares e políticos envolvidos no golpe.
PREJUÍZO
O empresário hondurenho Jaime Rosenthal afirmou que seu país perdeu cerca de US$ 400 milhões por causa da crise política desatada após o golpe. Segundo ele, nos primeiros anos de governo de Zelaya, a economia cresceu 6%, enquanto no ano passado registrou uma queda de 3%. O empresário afirmou que o prejuízo é resultado da falta de ajuda externa depois do golpe.