Título: Estrangeiro bate recorde na bolsa
Autor: Graner, Fabio ; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/01/2010, Economia, p. B3

Papéis de empresas brasileiras atraíram investidor, que em 2009 adquiriu US$ 37,07 bilhões em ações

Mesmo em ano de fraca atividade econômica, o mercado de ações de empresas brasileiras foi bastante atrativo para os investidores estrangeiros. Em 2009, o investimento externo em ações somou valor recorde de US$ 37,07 bilhões, de acordo com dados divulgados ontem pelo Banco Central. Somente em dezembro, as aquisições de ações por estrangeiros somaram US$ 3,45 bilhões.

Para se ter uma ideia do apetite dos estrangeiros pelo Brasil no ano passado, basta comparar esse desempenho com o ano anterior. Em 2008, quando a crise estourou, o saldo de aplicações de não residentes em ações foi negativo em US$ 7,57 bilhões. Só em dezembro, quando as turbulências ainda estavam em fase aguda, as saídas somaram US$ 911 milhões. Com a atração de estrangeiros, a bolsa brasileira foi a que mais se valorizou em 2008 entre os países emergentes.

"Em 2009 tivemos uma entrada forte de investimento para ações porque o preço dos papéis estava muito baixo e, por isso, muita gente entrou para aproveitar. Além disso, o Brasil se recuperou antes dos demais países", afirmou a economista-chefe do Banco Fibra, Maristela Ansanelli.

Ela acredita que este ano apresentará, novamente, números robustos. "O crescimento econômico e a esperada volta dos IPOs continuarão atraindo estrangeiros", disse, referindo-se à sigla em inglês para denominar operações de oferta inicial de ações feitas pelas empresas.

Além do fato de a economia brasileira ter sido uma das primeiras a se recuperar da crise, o que levou os investidores a buscarem mais papéis do País, também contribuiu significativamente para o saldo recorde a emissão de ações do Banco Santander, feita em outubro, que somou R$ 14,1 bilhões. Os estrangeiros adquiriram cerca de 60% do total de papéis vendidos pela instituição financeira.

Segundo o BC, os investimentos em ações negociadas no País no ano passado somaram US$ 32,09 bilhões. Enquanto isso, as ações brasileiras negociados no exterior fecharam 2009 com aquisições líquidas de US$ 4,97 bilhões, sendo quase a totalidade relativa à operação do Santander.

Modalidade preferida dos estrangeiros em 2007 e 2008, os investimentos em títulos de renda fixa perderam de longe para as ações e somaram US$ 9,09 bilhões. Em dezembro, inclusive, foi registrado saldo negativo de US$ 370 milhões. Em 2008, os investimentos em renda fixa somaram US$ 6,79 bilhões e, em 2007, US$ 21,88 bilhões.

Para Maristela, o provável aumento do juro básico este ano pode pesar em favor dos investimentos em renda fixa. O aperto monetário aumentará o retorno dos títulos da dívida pública atrelados à taxa Selic e também elevará o custo dos títulos prefixados nas emissões primárias do Tesouro, o que pode atrair mais estrangeiros.