Título: Para liderar, Brasil terá de abrir os cofres, diz americano
Autor: Mendes, Vannildo ;Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2010, Internacional, p. A15

Arturo Valenzuela, secretário adjunto de Estado para o Hemisfério Ocidental, afirmou ontem que a liderança do Brasil na reconstrução do Haiti é bem-vinda, desde que o País esteja disposto a contribuir com "muito mais recursos".

Questionado se não seria mais apropriado o Brasil assumir a liderança dos esforços no Haiti, uma vez que os EUA já estão lidando com duas guerras, Afeganistão e Iraque, Valenzuela afirmou: "Se o Brasil está disposto a por muito mais recursos no Haiti, ele é mais do que bem-vindo", disse.

Valenzuela, principal diplomata americano para a região, destacou que o Brasil já faz uma grande contribuição na região, onde há seis anos comanda a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah).

O secretário americano manteve o discurso do governo Obama, que vem reiterando a função do Brasil e da Minustah na segurança do país, após desentendimentos com o governo brasileiro sobre uma suposta "ocupação americana" do país.

"O Brasil e a Minustah têm responsabilidade sobre a segurança pública no Haiti, os EUA dão apenas apoio humanitário", afirmou Valenzuela, em entrevista após encontro com embaixadores americanos da região. "Os capacetes azuis no Haiti têm a responsabilidade da segurança. Os EUA vão fornecer o maior apoio possível, mas não vão tirar da ONU este papel", garantiu.

No entanto, ele disse que os desafios humanitários ainda são enormes no Haiti e lembrou que muitas das cirurgias estão sendo realizadas no navio-hospital americano USS Comfort. "Se outros países pudessem também enviar navios-hospitais, seria bastante útil."