Título: Bolsa cai 2,83% e dólar fecha em R$ 1,80
Autor: Mello, Patrícia Campos
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2010, Economia, p. B1

É a maior cotação da moeda americana nos últimos quatro meses

Indicadores divulgados na China e a nova proposta do presidente dos EUA, Barack Obama, para restringir o tamanho dos bancos reforçaram o mau humor dos investidores e derrubaram, pelo segundo dia seguido, a Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa).

O Ibovespa terminou o pregão com queda de 2,83%, em 66.270 pontos. No dia anterior, o índice já havia caído2,44%. Esse movimento também pressionou o dólar, que fechou no maior nível dos últimos quatro meses. A moeda americana subiu 0,45%, para R$ 1,80.

O nervosismo no País refletiu o temperamento do resto do mundo, com queda nos índices europeus e americanos. O Nasdaq recuou 1,12%; Dow Jones, 2,01%; e S&P 100, 2,02%.

A apreensão do mercado atingiu o ápice com a proposta do presidente americano Barack Obama de limitar o tamanho dos bancos e restringir atividades e riscos que eles poderão assumir, afirmou o economista da Sul América Investimentos, Newton Rosa. O anúncio fez a bolsa paulista afundar ao menor patamar do dia, com queda de 3,09%. "Isso desagradou geral e aumentou a aversão ao risco." A proposta fez as ações de alguns bancos americanos despencaram nos Estados Unidos.

O mau humor do mercado financeiro, no entanto, começou bem antes da apresentação da proposta de Obama, destacou o economista do BES Investimento, Flávio Serrano. Segundo ele, dados da economia chinesa, divulgados durante a madrugada, elevaram o nível de incertezas dos investidores, que já estavam ressabiados desde a quarta-feira por causa da difícil situação fiscal da Grécia.

Mas, ao contrário das demais economias, no país asiático a maior preocupação é o forte crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB) chinês avançou 10,7% no quarto trimestre e 8,7% no ano. A má notícia veio com os indicadores de preços, que superaram as expectativas do mercado financeiro, destacou Serrano. A inflação subiu 1,9% no último mês do ano, acima da estimativa de 1,7%.

Segundo ele, o número criou uma onda de insegurança quanto aos rumos da política monetária. Ou seja, a China teria de impor restrições para conter o forte avanço da economia e da inflação, como elevar as taxas de juros e diminuir o volume de crédito no mercado. "O problema é que hoje a China é um dos principais motores da economia mundial. Qualquer movimento lá afeta o resto do mundo", completa o economista da XP Investimentos, Rossano Oltramari. Exemplo disso é que as commodities já reagiram a possíveis restrições no país.

Outro dado que desagradou foram os números de auxílio desemprego nos EUA. Enquanto analistas aguardavam redução de 4 mil pedidos, os dados mostraram aumento de 36 mil.