Título: Mantega projeta alta de 16,1% no investimento
Autor: Graner, Fabio ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2010, Economia, p. B8

Para o ministro, essa expansão vai puxar o PIB para 5,2% neste ano

Os investimentos devem se expandir 16,1% e puxar o crescimento de 5,2% do País neste ano. Esse foi o cenário apresentado ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na primeira reunião ministerial do governo Lula em 2010. A elevação do investimento, no cenário da equipe econômica, deverá ser bem maior que a queda de 10% estimada para o ano de 2009.

No mesmo documento apresentado ao presidente e aos ministros, Mantega disse trabalhar com um crescimento de 6,1% no consumo das famílias este ano. Ou seja, o ritmo de expansão da oferta - dada pelos investimentos - deve ser maior que o da demanda, o que, pelo menos em teoria, ajudaria a diminuir o risco de pressões inflacionárias.

A alta taxa de expansão dos investimentos, chamada de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), em 2010 foi citada pelo ministro como um dos fatores que tornam o ciclo de crescimento brasileiro de qualidade. "O crescimento é sustentável, porque ocorre em bases sólidas e mantém inflação sob controle, responsabilidade fiscal e baixa vulnerabilidade externa."

A apresentação do ministro demonstra o otimismo da Fazenda com a atividade econômica, embora também revele a preocupação de conter as expectativas de crescimento, que podem levar o Banco Central (BC) a aumentar os juros este ano. Não foi à toa que, apesar de elevar de 5% para 5,2% a expectativa de alta no Produto Interno Bruto (PIB) em 2010, a estimativa oficial do governo está abaixo dos 5,8% do BC, divulgados no relatório de inflação de dezembro.

Essa diferença, embora possa ter justificativas técnicas, carrega um viés político da equipe de Mantega, que tenta conter o ímpeto da autoridade monetária em torno da Selic. O entendimento é que um crescimento mais próximo de 5% do que de 6% oferece menos riscos de pressões inflacionárias.

No documento, o ministro mencionou a projeção do BC de que o déficit em conta corrente - das transações de bens e serviços do Brasil com o exterior - fechará 2010 em 2,09% do PIB, embora internamente os técnicos da Fazenda acreditem que o déficit poderá ser ainda maior, de até 2,5% do PIB. Aliás, é nesse ponto que os técnicos fizeram o ajuste no modelo para calibrar o PIB previsto para 2010 abaixo do que estima o BC.

Mantega prevê um ritmo de crescimento do emprego formal - criação de 1,6 milhão de vagas -, menor que o previsto pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que fala em 2 milhões de vagas. Se confirmada a previsão, a criação de empregos formais nos dois mandatos do governo Lula será de 10 milhões. Curiosamente, esse era número que o presidente prometeu criar somente em seu primeiro mandato.