Título: Setores voltam a níveis pré-crise
Autor: Manfrini, Sandra
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/01/2010, Economia, p. B9

Aos poucos, dados de setembro de 2008 são superados

O número de atividades industriais que já retornaram a níveis de produção iguais ou superiores a setembro de 2008 ? mês de nível recorde de produção e o último momento do setor antes do início dos efeitos da crise ? está crescendo gradativamente. A avaliação de analistas é que o setor industrial deve retomar o nível pré-crise ainda neste semestre. De 27 atividades industriais pesquisadas pelo IBGE em novembro, seis tiveram crescimento na produção nessa comparação. Em setembro, eram cinco.

O ex-secretário de política econômica e professor da Unicamp, Julio Sérgio Gomes de Almeida, avalia que a maior parte das atividades industriais deve retornar ao nível de antes da crise até abril, com a média do setor industrial mostrando crescimento na produção ante setembro de 2008 já no início do segundo trimestre. Em novembro, segundo os últimos dados do IBGE, a produção ainda estava 5,9% abaixo daquele período.

O gerente executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, acredita que em "meados" deste primeiro semestre a maior parte dos ramos de atividade industrial já terá superado as marcas de setembro de 2008, ainda que alguns segmentos predominantemente exportadores devam mostrar uma recuperação mais lenta.

Em novembro, os segmentos que já mostraram resultados positivos em relação ao mês antes da crise são máquinas para escritório e equipamentos de informática (1,1%), outros produtos químicos (2,8%), perfumaria e produtos de limpeza (8,5%), celulose, papel e produtos de papel (2,1%), bebidas (9,7%) e alimentos (0,4%).

Castelo Branco observa que esse conjunto é "bastante diverso" e "não há lógica global" que explique o desempenho. Em relação aos artigos de informática, por exemplo, ele lembra que o segmento tem sido beneficiado por incentivos tributários e redução de custos de fabricação, além da popularização na compra dos equipamentos.

Para Castelo Branco, que acredita em crescimento forte da indústria em 2010, os desafios maiores para uma reação, nos próximos meses, estarão concentrados nos segmentos mais exportadores, que ainda vão enfrentar um mercado internacional com demanda reduzida e as dificuldades criadas pelo câmbio e problemas de competitividade.