Título: Operadoras se unem para construir redes
Autor: Marques, Gerusa
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/12/2009, Economia, p. B1
Vivo, Claro e Embratel fizeram investimentos conjuntos para atender à demanda
Com o crescimento da banda larga, as operadoras estão unindo esforços para construir redes de alta capacidade e dar conta da demanda. A Vivo, Claro e Embratel têm um anel óptico instalado em conjunto, unindo os três Estados da Região Sul.
Apesar de a Claro e a Embratel pertencerem ao mesmo grupo, tendo como controlador o bilionário mexicano Carlos Slim Helú, a Vivo é uma joint venture entre a Telefônica e a Portugal Telecom. A operadora espanhola é a principal concorrente das empresas de Slim na América Latina.
"O mais interessante nesse anel de fibras ópticas é que cada um fez um trecho, mas a rede é administrada como se fosse uma só"", disse Roberto Lima, presidente da Vivo. "Eu uso a rede toda, mas tenho um terço dos gastos de capital e um terço dos gastos operacionais. A eficiência é muita maior."
Ele acrescentou que está fechando parcerias semelhantes nas Regiões Sudeste e Nordeste, mas não pode divulgar os parceiros porque os contratos ainda não estavam assinados.
Ao mesmo tempo em que as empresas constroem redes em conjunto, existe uma infraestrutura que pertence a estatais que está sendo subutilizada ou, em alguns casos, não está sendo utilizada. Um exemplo é a rede da Eletronet, empresa falida que tem a Eletrobrás como acionista.
ESTATAL
Recentemente, a União retomou na Justiça os direitos de utilizar os 16 mil quilômetros da rede da Eletronet, presente em 18 Estados brasileiros.
A proposta discutida no governo é unir esse ativo a outras redes ópticas governamentais para criar uma estatal de telecomunicações que poderia atender diretamente a população.
A próxima reunião para discutir o Plano Nacional de Banda Larga está marcada para o próximo mês. A extensão dessas redes pode chegar a 50 mil quilômetros, dependendo da adesão das empresas de energia que têm a infraestrutura.
"Se existem ativos que podem contribuir para o País, por que não usar?", questionou Antonio Carlos Valente, presidente da Telefônica.
Ele defendeu, no entanto, que o uso dessa infraestrutura seja feita em parceria com a iniciativa privada.
Uma das grandes discussões do Plano Nacional de Banda Larga do governo é o papel da iniciativa privada. Houve uma divisão entre os grupos que participam da elaboração do plano.
O Ministério das Comunicações apresentou uma proposta elaborada em parceria com as operadoras que prevê desoneração tributária e uso de fundos setoriais para levar o acesso a municípios onde existe baixo interesse comercial.
Outra proposta, em elaboração por técnicos do Planejamento e da Casa Civil, se concentrou na criação de uma estatal de banda larga, para concentrar as redes ópticas governamentais.
Em sua primeira versão, essa estatal não atenderia diretamente o consumidor. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no entanto, determinou que essa opção fosse incluída no plano. Ele também solicitou aos técnicos que as duas propostas sejam transformadas em uma só.