Título: Estudantes levam às ruas revolta popular
Autor: Lameirinhas, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/01/2010, Internacional, p. A14

Eles assumiram a responsabilidade de levar às ruas da Venezuela a revolta de boa parte da sociedade com as medidas do governo de Hugo Chávez que tiraram do ar, pela segunda vez em menos de três anos, a Rádio Caracas Televisión (RCTV), à meia-noite de domingo. Em comum, têm a juventude e a disposição para desafiar os chavistas. Não falam, gritam. Mesmo diante de um bloco de reportagem, discursam como se falassem ao microfone num palanque.

"Somos a esperança da Venezuela e queremos um país justo, não um país dominado por um grupo de ideologia retrógrada, que viola nosso direito de nos expressar livremente", diz Nizar Faki, numa manifestação na Praça Venezuela, numa área popular perto do centro de Caracas. Faki, de 21 anos, estuda direito na Universidade Católica Andrés Bello e começou a destacar-se como líder estudantil no ano passado.

Roderick Navarro, de 22 anos, lidera os estudantes da Universidade Central da Venezuela (UCV). Era um dos mais aguerridos na manifestação de ontem na frente da emissora Venezolana de Televisión (VTV). "Queremos respeito do governo. Temos o direito de nos manifestar e vamos lutar por ele."

Durante os protestos dos últimos dias, outros líderes tem-se destacado entre os estudantes, como Nicolas Cárdenas, da Universidade Metropolitana, e Yanes Silva, da Universidade Simón Bolívar.

Eles seguem os passos de Yon Goicoechea, hoje com 23 anos, cuja atuação foi considerada decisiva para que Chávez fosse derrotado no referendo sobre a reforma da Constituição em dezembro de 2007- na única derrota eleitoral clara do presidente venezuelano desde que foi eleito pela primeira vez, em 1999. Por essa atuação, Goicoechea ganhou um prêmio de US$ 500 mil do instituto americano Cato.