Título: Temer dá sinal de força no PMDB
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2010, Nacional, p. A6
Executiva Nacional antecipa para fevereiro sua provável reeleição
Em resposta à articulação de setores do PT contra a escolha do presidente da Câmara, Michel Temer (SP), para vice na chapa presidencial petista, a Executiva Nacional do PMDB saiu ontem em defesa de seu comandante, marcando data para reelegê-lo na presidência do partido. A convenção nacional destinada a escolher a nova Executiva presidida será realizada em 6 de fevereiro, exatos 12 dias antes da reunião do PT para sacramentar a candidatura da ministra Dilma Rousseff.
Para não deixar dúvidas de que Temer representa o partido por inteiro, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), disse que só deverá ser apresentada uma chapa na convenção. "Nossa chapa é a da unidade, com Michel Temer na presidência", afirmou Alves. A chapa a que se referiu o líder é a que listará os 119 representantes do novo Diretório Nacional peemedebista. Caberá a esse diretório, depois de eleito, eleger a nova Executiva Nacional, que está sendo montada por consenso entre as cúpulas do partido na Câmara, liderada por Temer, e no Senado, sob comando duplo do presidente da Casa, José Sarney (AP), e do líder Renan Calheiros (AL).
Até um representante do grupo dissidente, que se recusa a apoiar Dilma e prega a candidatura própria do PMDB ao Planalto, saiu em defesa de Temer ontem. Embora os dissidentes pleiteassem o adiamento da convenção nacional para março, o deputado Darcísio Perondi (RS) tomou a palavra na reunião para protestar contra "a campanha orquestrada de líderes poderosos do PT" para barrar a indicação de Temer ao posto de vice na chapa encabeçada pela ministra da Casa Civil.
"Temer é um presidente forte e o melhor comandante para conduzir esse processo (eleitoral) com segurança; não tem outro", sentenciou Perondi, em uma indicação de que um presidente fraco não serve a ninguém. Nem aos dissidentes. Foi a senha para o senador Gerson Camata (ES) propor que constasse em ata uma declaração de solidariedade ao presidente do partido, que comandará todas as negociações com o PMDB durante a campanha presidencial e o primeiro ano do futuro governo.
O entendimento entre deputados e senadores que se digladiaram no passado e passam a dividir espaço na direção partidária ficou claro na manifestação de Renan. O líder observou, na reunião, que a unidade expressa na montagem da nova Executiva refletirá na escolha do representante do PMDB na chapa presidencial e considerou "um absurdo" a articulação do veto a Temer.
Em meio à insatisfação geral com o movimento de petistas para rifar o nome de Temer, coube ao líder Henrique Alves, levar os esclarecimentos que acabara de receber em reunião com líderes petistas. "Colocamos que esse tipo de discussão pela imprensa não é boa para a aliança, mas eles alegaram que essa não é a posição do PT, e sim do José Dirceu."
Também presente à reunião, o deputado Eduardo Cunha (RJ) observou que a maioria favorável à aliança com o PT prefere acreditar que não seja uma campanha de "poderosos do PT", por uma razão: "Ninguém tem o direito de vetar ninguém e nós não aceitaremos veto." Segundo o ministro das Comunicações, Hélio Costa, peemedebistas têm deixado claro, nas reuniões com o PT, que o PMDB está "muito decidido" em torno do nome de Temer. "Nós todos o apoiamos com muito entusiasmo", afirmou Costa.
Temer afirmou que, "lamentavelmente", existe uma "campanha feita pelos jornais". O Estado revelou na terça o movimento anti-Temer que surge no PT. "Sou candidato a deputado federal", disse. "Temos muito tempo de fevereiro a junho ? quando se realizará a convenção para tratar de chapa presidencial ? e o PMDB é que vai decidir esse assunto de vice." COLABOROU GERUSA MARQUES