Título: Oposição adia eleição na Câmara do DF
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/01/2010, Nacional, p. A9

Manobra de aliados de Arruda para eleger novo presidente é barrada

Minoria na Câmara Legislativa do Distrito Federal, a oposição usou o cargo de presidente interino do deputado Cabo Patrício (PT) para barrar as manobras da base aliada em favor do governador José Roberto Arruda (sem partido), acusado em inquérito policial de ser o chefe de suposto esquema de corrupção conhecido como "mensalão do DEM".

Ontem, o petista anunciou o adiamento da eleição do novo presidente da Casa para terça-feira. A alegação foi que uma notícia publicada na imprensa estava colocando em suspeição todos os deputados. A notícia, divulgada no Blog do Noblat, na internet, relatava suposto pagamento de R$ 4 milhões para os deputados que votassem contra os três pedidos de impeachment que tramitam contra Arruda.

"Isso é gravíssimo e coloca a honra de todos os deputados em xeque", criticou Chico Leite (PT), ao pedir que a denúncia seja investigada. A Procuradoria do Distrito Federal informou, em nota, considerar a afirmação "caluniosa e irresponsável".

A base governista estava confiante de que elegeria ontem mesmo Wilson Lima (PR), fiel aliado do governador, para o cargo. Quinze deputados assinaram recurso para que Cabo Patrício reabrisse a sessão plenária.

Patrício já tinha ido para casa e não atendeu ao apelo dos colegas, frustrando os planos da tropa de choque do governador, que, há semanas, tenta retomar o comando da Casa.

Conhecido por ter sido flagrado colocando dinheiro de suposta propina nas meias, o ex-presidente Leonardo Prudente (sem partido) havia pedido licença de 60 dias do cargo em dezembro, mas decidiu voltar, menos de um mês depois, para tirar Cabo Patrício do caminho. Depois, afastado do cargo pela Justiça, renunciou à vaga para forçar nova eleição. Na condução dos trabalhos, Patrício já tinha atrapalhado estratégia dos governistas de enterrar a CPI da Corrupção.

Ao se manter no comando da presidência, no entanto, a oposição atrasou também a escolha dos novos presidentes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e da Comissão Especial que analisarão os pedidos de impeachment contra Arruda. Os presidentes de ambos os colegiados precisam tomar posse para que os relatores sejam escolhidos.