Título: Obras serão usadas para palanque até último prazo
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2010, Nacional, p. A4

Para fortalecer a candidatura da ministra Dilma Rousseff, o Planalto quer levá-la para os palanques de inauguração e lançamento de obras pelo presidente Lula. A Lei Eleitoral não impede a inauguração de obras no período eleitoral, o que permitirá a Lula "abraçar a campanha da ministra Dilma", segundo revelou um ministro ao Estado.

Pelo plano traçado, mesmo após deixar o cargo, com a desincompatibilização prevista para até 3 abril, Dilma poderá acompanhar Lula nessas solenidades. A Lei Eleitoral proíbe apenas que os candidatos participem de inaugurações de obras públicas três meses antes das eleições. Assim, Dilma terá de abril a julho para aproveitar essa agenda.

O principal "formador" de palanques será o Ministério dos Transportes. Terá R$ 17 bilhões para investir, este ano, em obras de infraestrutura, garantindo extensa pauta de inaugurações no período eleitoral.

"A determinação do presidente Lula é para que se gaste", revela outro interlocutor do governo. Na reunião ministerial da semana passada, Lula deixou claro que é preciso manter um ritmo forte de execução dos projetos. Os secretários-executivos, que vão substituir os ministros que se afastarão do cargo para concorrer às eleições, foram avisados de que "não poderão afrouxar" na execução dos projetos.

Do total dos recursos para o Ministério dos Transportes, R$ 10 bilhões são provenientes do Orçamento de 2009 ? os chamados restos a pagar ? e cerca de R$ 7 bilhões do Orçamento de 2010, ainda a ser sancionado. Esses recursos não serão incluídos no decreto de programação financeira, que o governo deve divulgar em fevereiro, porque se referem às obras do PAC.

Na área de transportes, será dada ênfase a obras de ferrovias e hidrovias, para desafogar as estradas e obter, como dividendo, a bandeira da preocupação ambiental. O transporte por caminhões a diesel é um dos principais responsáveis pela emissão de gases causadores do aquecimento global. A estratégia já é chamada de "PAC ecologicamente correto".