Título: Zelaystas prometem protestos contra governo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/01/2010, Internacional, p. A12

A Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras (FNRP), principal grupo aliado do presidente deposto, Manuel Zelaya, anunciou ontem que não reconhecerá Porfírio "Pepe" Lobo como presidente do país e "tornará as coisas difíceis" para ele.

A organização divulgou que pretende fazer uma série de protestos amanhã, quando termina o mandato presidencial e Zelaya promete deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa. Para o mesmo dia está prevista a cerimônia de posse de Lobo, eleito em uma votação controversa em novembro.

"Vamos lançar um chamado nacional à resistência e acompanhar a despedida do presidente Zelaya", disse Rafael Alegria, um dos diretores da FNRP, em Tegucigalpa. Para conseguir apoio, a organização também enviou uma delegação ao Fórum Social Mundial, que teve início ontem em Porto Alegre.

"Estamos aqui para informar sobre o que ocorreu em nosso país e para receber apoio para nossa resistência pacífica", disse a ativista Lorena Zelaya, representante da FNRP no fórum. "O golpe de Estado contra Manuel Zelaya não terminou e Lobo somente representa a continuidade desse atentado à democracia."

Para hoje, está prevista uma assembleia da FNRP na capital hondurenha. Como parte de um acordo com Lobo, Zelaya recebeu um salvo conduto para deixar a embaixada brasileira, onde está abrigado desde o dia 21 de setembro, e ir para a República Dominicana.

O líder hondurenho foi expulso do país por militares no dia 28 de junho, quando assumiu o governo de facto liderado por Roberto Micheletti. Em novembro, foram realizadas eleições presidenciais. Diversos países ? entre eles o Brasil ? se recusaram a reconhecer seus resultados. Os Estados Unidos, porém, prometeram cooperar com Lobo.

Segundo fontes próximas ao novo presidente eleito de Honduras, até agora só cinco representantes de governos estrangeiros confirmaram presença na cerimônia de posse: o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, o do Panamá, Ricardo Martinelli, o da República Dominicana, Leonel Fernández, o de Taiwan, Ma Ying-Jeou, e o vice- presidente da Colômbia, Francisco Santos Calderón.