Título: No setor elétrico, plano é gaveta
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/12/2009, Nacional, p. A10

Definições que reforcem caixa de Serra serão adiadas

A julgar pelo prazo concedido à comissão constituída pelo Ministério de Minas e Energia para propor as regras de renovação das concessões do setor elétrico, o estudo já está pronto. A decisão do Planalto, porém, é mantê-lo na gaveta e adiar ao máximo esta e outras definições que possam facilitar a vida dos adversários na sucessão.

Essa decisão vai no sentido contrário à de limpar o caminho da pré-candidata do PT, a ministra Dilma Rousseff, e livrá-la de negociações polêmicas no ano eleitoral. A gaveta funciona para não ajudar os planos da oposição - em meio às 55 usinas geradoras ou distribuidoras de energia, que terão suas concessões vencidas até 2015 e não poderão renová-las pelas regras atuais, estão duas hidrelétricas da Companhia Energética de São Paulo (Cesp).

A gaveta é útil ao Planalto porque foram exatamente as incertezas sobre o futuro das concessões o principal fator do fracasso do leilão de privatização da geradora paulista. Tudo que os partidários da candidatura Dilma não desejam é dar tempo ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para realizar um novo leilão sob novas regras, de forma a engordar o caixa estadual. O Planalto acha inconveniente a fartura de recursos que permita ao adversário multiplicar as realizações e infernizar a vida dos concorrentes na corrida sucessória.

MATAR AS CPIs

O Planalto também quer enterrar as CPIs e não deixar que os assuntos incômodos continuem na pauta em 2010. A CPI da Petrobrás morrerá oficialmente nos próximos dias, quando a comissão aprovar o relatório do líder Romero Jucá. "Quanto mais o governo puder limpar a área, melhor", justifica o senador, ao avisar que a CPI das ONGs também está com os dias contados.

Seu colega petista Delcídio Amaral (MS) afirma que o governo quer fechar suas principais pautas este ano. As polêmicas positivas, como os projetos do pré-sal, serão votadas o mais rápido possível. "Já as negativas, que implicam desgaste, não tenho dúvida de que governo vai deixar de lado."

Delcídio diz que, não por acaso, a ideia de criar a Contribuição Social para a Saúde (CSS), para reaver os prejuízos do fim da CPMF, foi abandonada. "Nada de correr risco. Uma novidade pode interferir negativamente no processo eleitoral."