Título: Temer rechaça lista tríplice de Lula
Autor: Brandt, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/12/2009, Nacional, p. A7

Cotado para vice, peemedebista diz que a decisão caberá ao seu partido

O presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, afirmou ontem que "não pegou bem" no partido a cobrança feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que seja apresentada uma lista tríplice com nome de candidatos a vice-presidente para uma eventual aliança com o PT nas eleições de 2010. Temer, que é um dos cotados para a função, afirmou que essa "será uma decisão que caberá ao partido".

"É possível que o partido resolva indicar uma lista sêxtupla. Mas essa é uma decisão do PMDB, não é uma decisão externa ao partido", afirmou Temer, depois do almoço com empresários do setor da habitação, em São Paulo.

Presidente da Câmara e defensor da aliança do PMDB com o PT para uma eventual candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) no ano que vem, Temer disse aos jornalistas ser contrário a qualquer tipo de cobrança, mas evitou ataques a Lula.

Argumentou que as declarações do presidente foram feitas no contexto de uma entrevista, no Maranhão, em que ele teria ficado numa saia-justa. "Ele estava na verdade ao lado do ministro Edison Lobão, que pode perfeitamente ser um vice, e o repórter perguntou "o senhor prefere o Lobão ou o Temer como vice?" ", explicou. "O presidente disse "olha, talvez o PMDB devesse elaborar uma lista tríplice". Lobão até me telefonou ontem (anteontem)."

A afirmação de Lula, durante entrevista no dia 10, nas rádios Mirante e Educadora, foi feita quando ele defendia a legitimidade de o partido indicar o vice. "O correto não é nem o PMDB impor um nome só. O correto é o PMDB discutir dentro do PMDB e indicar três nomes para a ministra Dilma, para que ela possa escolher. Porque isso é que nem casamento, meu filho."

CIRCUNSTÂNCIA

Temer afirmou que a indicação de um vice numa eventual aliança PMDB-PT para a candidatura de Dilma depende da "circunstância política".

"Legalmente, a definição acontece em junho, não há outra condição. Politicamente, eu acho muito cedo. Essa definição só sairá a partir de abril. Por isso que digo que o vice é sempre circunstância política. Vai depender de quem seja candidato a presidente e de que nome soma mais", argumentou Temer.

Para ele, o PMDB tem três opções para escolher: apoiar o PT de Dilma; fechar com o PSDB, do governador de São Paulo, José Serra, nome mais forte dentro do partido; ou ter candidatura própria, como a do governador no Paraná, Roberto Requião, que se lançou pré-candidato.

Das três, o presidente licenciado do PMDB descartou ontem a última, ao dizer que na maioria dos Estados os convencionais defendem uma aliança. Porém, reafirmou sua preferência pela primeira.

FRASES

Michel Temer Deputado (PMDB-SP)

"É possível que o partido resolva indicar uma lista sêxtupla. Mas esta é uma decisão do PMDB, não externa ao partido"

"Essa definição só sairá a partir de abril. Por isso que digo que o vice é sempre circunstância política. Vai depender de quem seja candidato a presidente e de que nome soma mais"