Título: Caracas espera redução de 40% das importações
Autor: Miranda, Renata
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2010, Internacional, p. A10

Desvalorização deve favorecer produtos venezuelanos

O governo da Venezuela espera reduzir em até 40% as importações feitas pelo país depois da desvalorização do bolívar forte anunciada na semana passada pelo presidente Hugo Chávez. A medida tem como objetivo favorecer a produtividade nacional em um país essencialmente importador de tudo o que consome. Uma data para a redução da compra de produtos de outros países, porém, não foi divulgada.

"O setor privado tem uma oportunidade de ouro para crescer e ter uma economia interna mais forte", afirmou na noite de segunda-feira o ministro de Planejamento, Jorge Giordani.

Apesar do anúncio feito pelo governo, o presidente da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria Venezuela-Brasil (Fecamvenez), José Francisco Marcondes Neto, acredita que as empresas brasileiras não serão desfavorecidas. Segundo ele, o impacto da modificação na estrutura cambial venezuelana dificilmente será sentido no comércio entre os dois países.

Dados da (Fecamvenez) colocam em US$ 3,8 bilhões o comércio bilateral entre Venezuela e Brasil até novembro do ano passado. Em 2008, o valor foi de US$ 5,6 bilhões. Entre as principais empresas brasileiras que negociam com a Venezuela estão a Odebrecht, Camargo Correa e Brasil Foods (fusão da Sadia com a Perdigão).

"Cerca de 60% a 70% das empresas do País que fazem negócio na Venezuela já não utilizavam o câmbio oficial de 2,15 bolívares fortes por dólar e sim o dólar permuta", afirmou Marcondes ao Estado. "A medida servirá mais para uniformizar as taxas das transações comerciais."

O chamado "dólar permuta" é resultado da venda de bônus da dívida externa venezuelana e tem uma cotação muitas vezes superior à estabelecida pelo governo, que mantém desde 2003 um severo controle das divisas. O indicador não é oficial, mas é utilizado com frequência. De acordo com especialistas, o dólar permuta pode continuar tendo uma grande importância na economia venezuelana se a limitação do dólar oficial for mantida.