Título: Hillary tenta salvar laços com Japão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2010, Internacional, p. A13
Primeira viagem do ano da secretária de Estado dos EUA será para resolver atritos com seu maior aliado na Ásia
Mark Landler Tamanho do texto? A A A A THE NEW YORK TIMES HONOLULU A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, de partida para sua primeira viagem diplomática de 2010, tentará aliviar tensões com o Japão, o mais importante aliado asiático dos EUA, relativas a um acordo para realocar a base militar da Ilha de Okinawa. Mas reconheceu que os laços com a outra grande potência da região, a China, poderá entrar num período de atrito, já que os EUA prometem vender armas a Taiwan, que a China considera uma província renegada, e o presidente Barack Obama pretende se encontrar com o líder espiritual tibetano, o dalai-lama, apesar das objeções de Pequim.
Hillary disse que os EUA e a China mantinham uma "relação madura", o que significa, no seu entendimento, que "ela não sai dos trilhos quando ocorrem diferenças de opinião". "Forneceremos armas defensivas a Taiwan", disse. "E temos uma perspectiva diferente sobre o papel e as ambições do dalai-lama." O giro de nove dias incluirá também Papua-Nova Guiné, Nova Zelândia e Austrália.
O Japão frustrou e irritou o governo Obama com sua recusa em cumprir um acordo de 2006 para mudar a base de Okinawa para uma zona menos populosa da ilha. Hillary tentou reduzir a importância da disputa, dizendo que a aliança era "muito maior que qualquer questão particular".
As relações entre Japão e EUA se desestabilizaram em agosto, quando os japoneses elegeram o Partido Democrático, ligeiramente esquerdista, liderado por Yukio Hatoyama ? que falou de forjar relações mais estreitas com vizinhos asiáticos como a China, provocando temores em Washington de que o país podia estar se afrouxando seus laços com os americanos.
Obama tentou aplacar as tensões quando visitou Tóquio em novembro. Mas depois que ele partiu, o chanceler Katsuya Okada pediu um inquérito sobre os acordos secretos com os EUA nos anos 60 e 70 que permitiram que aviões e navios americanos com armas nucleares entrassem no Japão.
Hatoyama fez campanha defendendo a retirada da base da ilha, e até mesmo do Japão, e fazer cumprir a proibição da presença de armas nucleares em águas do país.
Hillary disse que a turbulência era apenas um abalo secundário do terremoto político do Japão. "Pode-se imaginar como seria em nosso próprio país se, após 50 anos, um partido que nunca esteve no poder chegasse a conquistá-lo", disse ela, referindo ao fim da hegemonia do Partido Liberal-Democrata.
Na primeira visita a Pequim como secretária de Estado, Hillary deixou de lado preocupações com direitos humanos e enfatizou a cooperação sobre questões como comércio e mudanças climáticas. Na segunda-feira, porém, ela adotou uma linha mais dura, dizendo que Washington era um contrapeso necessário a Pequim.
Ela deve usar a viagem para convidar a China a usar sua influência para obrigar a Coreia do Norte a retomar as negociações sobre a desistência de suas armas nucleares. A Coreia do Norte disse na segunda-feira que não voltaria ao diálogo a menos que as sanções contra ela fossem retiradas.