Título: Enchentes são acúmulo de erros, diz Lula
Autor: Simão, Edna ; Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/01/2010, Metropole, p. C4

Para o presidente, não existe 'partido santo' e todos foram coniventes com ocupações irregulares de terra

PRECAUÇÃO - Lula defendeu criação de carteira de investimentos para elaborar projetos contra cheias

BRASÍLIA Na primeira referência às tragédias causadas pelas enchentes do início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pôs a culpa no "acúmulo de erros" cometidos no País ao longo de décadas e disse que não existe "partido santo, prefeito santo ou vereador santo", pois todos foram coniventes com ocupações irregulares de terra. Afirmou ainda que foi uma "irresponsabilidade" permitir construções em "lugares inadequados".

"Não estou preocupado em saber de quem é a culpa. Todos os governos têm um pouco de responsabilidade porque fomos permitindo que a sociedade fosse se amontoando", disse Lula, ao se referir à tragédia de Angra dos Reis, onde morreram 52 pessoas vítimas das chuvas.

Na solenidade que liberou R$ 3 bilhões para construção de casas em mais de dois mil municípios e para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula defendeu a criação de uma carteira de investimentos para elaborar projetos e tentar evitar as tragédias causadas pelas cheias. "Vamos trabalhar para sonhar que daqui a 30 anos não tenhamos mais tragédias como essas. Temos de apresentar uma grande proposta para ver se resolve o problema da drenagem dos municípios brasileiros."

No discurso, o presidente argumentou que hoje já existem leis que proíbem a construção de casas em locais de risco, mas que as pessoas insistem em fazer ocupações em lugares irregulares. "Se um grupo de pessoas está indo morar em lugar inadequado, o prefeito não pode permitir."

Ao falar sobre a tragédia das enchentes e os desabrigados pelas chuvas, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que o objetivo do programa Minha Casa Minha Vida é permitir que a população de baixa renda tenha acesso a moradia. Candidata do PT à Presidência da República, Dilma afirmou que, se os governos tivessem investido de "forma sistemática" em habitação, as tragédias provocadas pelas chuvas poderiam ter sido evitadas.

"Durante mais de 25 anos, imensa parcela da população ficou sem direitos fundamentais. E isso levou a assentamentos precários, a morar em beiras de encostas", afirmou a ministra.