Título: China prevê crescer 9,5% este ano
Autor: Pequim, Reuters
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/01/2010, Economia, p. B4

Segundo instituto de pesquisas, crescimento deve se apoiar principalmente na expansão do setor imobiliário

A economia da China deve crescer provavelmente 9,5% este ano, superando o número esperado para o ano passado. A expansão será puxada pelo setor imobiliário e pela inflação moderada, afirmou um instituto de pesquisa em um relatório publicado ontem. O Centro de Pesquisa do Conselho Estatal de Desenvolvimento informou que a economia chinesa continuará robusta, com investimento aumentando enquanto os gastos do pacote de estímulo do governo desaceleram.

"Em 2010, o ambiente (econômico) externo continuará ruim, mas não vai se deteriorar mais", afirma o relatório do centro, que foi publicado no jornal China Economic Times. "Prevemos que em 2010 não haverá inflação marcante", afirma a entidade, acrescentando que o índice de preços CPI deverá se manter abaixo de 3% no ano.

O relatório se soma a recentes sinais que incentivam autoridades chinesas e muitos especialistas a manterem uma posição de confiança contida de que a economia do país poderá manter o ritmo em 2010. O pacote de estímulo econômico do país, de 4 trilhões de yuans (US$ 585 bilhões), complementado por um recorde na concessão de crédito pelos bancos, impulsionou a economia chinesa para um crescimento anual de 8,9% no terceiro trimestre do ano passado.

Apesar dos gastos do pacote de estímulo desacelerarem este ano, o investimento no setor imobiliário poderá crescer de 30% a 40% em relação a 2009 e "se tornar a força principal a guiar o crescimento dos investimentos", afirma o relatório.

Em dezembro, o bom desempenho do setor manufatureiro na China levou o índice de atividade industrial no país ao maior nível dos últimos 20 meses. Estudo divulgado ontem também mostrou que o rápido ritmo da atividade impulsionou custos de insumos como trabalho, matérias-primas e capital para a máxima em 17 meses, potencialmente comprometendo esforços de autoridades que querem manter as políticas voltadas ao crescimento sem gerar expectativas inflacionárias.

O índice oficial dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) subiu a 56,6 em dezembro (estava em 55,2 em novembro), informou a Federação de Logística e Compras da China. Foi o décimo mês consecutivo de expansão e a maior alta mensal desde março, refletindo um setor fabril chinês longe de uma estagnação pós-retomada.

"Esperamos que as condições para um forte crescimento econômico continuem em 2010, com as principais fontes para esse avanço vindo de uma melhora geral no consumo privado, de mais força nos investimentos no mercado imobiliário e de uma sólida recuperação das exportações", disse Jing Ulrich, chefe de operações com ações chinesas do JP Morgan em Hong Kong.