Título: Aiatolás não querem dialogar, diz novo embaixador dos EUA no Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 05/02/2010, Internacional, p. A16
Os Estados Unidos continuam céticos em relação a uma real mudança de posição do Irã sobre um acordo de troca de urânio por combustível nuclear. O embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, salientou ontem a importância do Brasil na tarefa de transmitir a Teerã a preocupação do Ocidente sobre o programa nuclear iraniano. Ele acrescentou que essa preocupação persiste mesmo depois de o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ter declarado que seu país estaria pronto a aceitar o acordo.
"A questão essencial é se o Irã tem o mesmo interesse no diálogo. Até este momento, parece que não", disse Shannon a jornalistas. Segundo o embaixador, os EUA mantêm um diálogo intenso com o Brasil e outros países sobre o Irã, seja dentro do Conselho de Segurança da ONU ou da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
Ele declarou ainda que, como país soberano, o Brasil não precisa de "nenhuma licença nem permissão" dos EUA para atuar segundo os interesses nacionais. Para ele, o governo brasileiro está agindo de forma "cooperativa" no Conselho de Segurança, onde detém uma cadeira não-permanente desde 1º de janeiro. "Vamos respeitar a decisão (brasileira)", afirmou.
Mas Shannon advertiu que, no caso do programa nuclear iraniano, é preciso avaliar a eficácia das iniciativas diplomáticas pelos seus resultados e não pelos processos em curso. Conforme advertiu, será com base nesse padrão que o Conselho de Segurança tomará qualquer decisão sobre o tema - em especial, sobre uma proposta de resolução dos EUA que envolve novas sanções contra o Irã.
VENEZUELA
Na entrevista, concedida horas após a entrega de suas credenciais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Shannon esfriou a tensão bilateral provocada pela mobilização americana em socorro ao Haiti. Ele elogiou a liderança do Brasil e o comando do general Floriano Peixoto na Missão das Nações Unidas de Estabilização do Haiti (Minustah).
Ao ser questionado sobre as crises política, econômica e de energia da Venezuela, Shannon fez uma ligeira provocação ao recomendar ao governo de Hugo Chávez que abra espaço para um diálogo político e não reprima seus adversários, mas os escute.