Título: Garcia ironiza declaração de Guerra e diz que PSDB é partido da direita
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2010, Nacional, p. A6

As declarações do senador tucano Sérgio Guerra (PE) de que o PSDB está à esquerda do PT foram tratadas com ironia pelo coordenador do programa de governo petista na sucessão presidencial, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. "Tive uma crise de identidade", brincou Garcia ontem. "O PSDB não é um partido de direita, é um partido da direita", definiu. Garcia disse que há pessoas de esquerda no PSDB e que admira "alguns artigos" do economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira.

Presidente nacional do PSDB, Guerra comparou a posição de seu partido em relação ao PT em entrevista à revista Veja desta semana. O senador revelou que, se a oposição chegar ao poder, haverá mudança na política econômica e que a ação será rápida e objetiva. Sem detalhar as iniciativas, falou em mudança na taxa de juros, na política cambial e nas metas de inflação. Também citou investimentos mais efetivos em infraestrutura, educação e saúde e a manutenção do Bolsa-Família. Na entrevista, Guerra afirmou que o PT "já foi" de esquerda e se transformou "num partido populista".

Garcia reagiu e disse que "dá até vontade de rir" ver Guerra falar em redução da taxa de juros. "A política cambial que ele defende vai ser diferente do Fernando Henrique Cardoso em oito anos de governo? O câmbio para nós não é âncora, está ligado ao câmbio flutuante. No governo Fernando Henrique, a desvalorização do real era um princípio fundamental."

Ele destacou a prioridade do governo Lula para os programas sociais. "A grande verdade é que em nenhum momento do governo Lula foram sacrificadas políticas sociais em nome da estabilidade. Nas últimas eleições, Sérgio Guerra e seu partido se queixavam que o salário mínimo tinha subido demais. Sérgio Guerra deveria cuidar da reeleição dele, que está muito difícil", reagiu Garcia.

PROGRAMA DE GOVERNO

As diretrizes do programa de governo da candidata do PT à Presidência, ministra Dilma Rousseff, serão reunidas, segundo Garcia, "em um documento enxuto" que terá entre dez e doze páginas e será levado ao congresso nacional do partido, em fevereiro. "Vai ser um programa apontando para o futuro, mas ressaltando as bases passadas em que ele se assenta. Agora dá para voltar a se falar em um projeto nacional de desenvolvimento", resumiu. "Estamos trabalhando em um roteiro para discutir com ela e devemos nos reunir na semana que vem. Vamos submeter ao congresso do PT, que também vai nos autorizar a negociar o programa ampliado com os partidos aliados", afirmou.