Título: CPI da Corrupção convoca autor de gravações no DF
Autor: Pires, Carol
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2010, Nacional, p. A6

Parlamentares governistas tentam, nos bastidores, adiar depoimento do ex-secretário para ""desviar o foco""

A CPI da Corrupção instalada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou ontem a convocação do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa para prestar depoimento. Barbosa é o autor dos vídeos anexados ao inquérito da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de corrupção, que ficou conhecido como "mensalão do DEM", coordenado, segundo o Ministério Público, pelo governador do DF, José Roberto Arruda. O ex-secretário gravou encontros que mostram deputados distritais recebendo dinheiro do suposto esquema de distribuição de propina. A data da audiência ainda vai ser agendada.

Desde que deflagrado o escândalo no DF, Barbosa está sob proteção do Programa de Proteção à Testemunha do Ministério da Justiça. Os deputados informaram que conversarão com o ministério e com o Superior Tribunal de Justiça, para definir em quais condições será colhido o depoimento do ex-secretário.

O deputado Paulo Tadeu (PT), único parlamentar da oposição presente no colegiado, formado por outros cinco deputados distritais aliados de Arruda, defende que Barbosa fale à CPI na Câmara Legislativa, na presença da imprensa. Ele também defende que o depoimento seja o primeiro a ser ouvido pela comissão. Os governistas, no entanto, planejam, nos bastidores, adiar a participação de Barbosa o quanto puderem para, se possível, desviar o foco das investigações.

Oficialmente, o relator das investigações, Raimundo Ribeiro (PSDB), admite apenas que deixar a oitiva de Durval Barbosa seria uma "economia de tempo". "Essa vantagem seria uma economia, não precisaria gastar tanto tempo ouvindo primeiramente o Durval, sendo que o inquérito conta com 20 depoimentos dele e traz informações que já poderiam se checadas com os acusados", afirma Ribeiro. Ao todo, os deputados distritais aprovaram uma dezena de requerimentos que, em suma, requerem informações ao governo do DF e às empresas investigadas pela Justiça por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção local.

Durante a primeira reunião da CPI, ontem, os deputados perderam quase uma hora discutindo o nome fantasia da comissão, oficialmente registrada como CPI da Codeplan. O deputado Paulo Tadeu, entretanto, pediu que o nome fosse alterado para CPI da Corrupção, como vem sendo chamada pela imprensa, pois "ofende os funcionários da Companhia de Planejamento do DF". O pedido de Tadeu, no entanto, acabou rejeitado.