Título: BC substitui diretora de Assuntos Internacionais
Autor: Graner, Fabio ; Nakagawa, Fernando
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/01/2010, Economia, p. B7

Maria Celina Berardinelli volta a órgão da ONU e cargo será ocupado por Carlos Hamilton Araújo, servidor de carreira do Banco Central

O Banco Central informou ontem à noite que a diretora de Assuntos Internacionais da instituição, Maria Celina Berardinelli Arraes, deixará o cargo para retornar a seu posto no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Ela volta ao organismo internacional porque a licença que solicitou da ONU para ocupar a diretoria do BC chegará ao fim na próxima semana. Para a vaga, o presidente Henrique Meirelles indicou Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, servidor público de carreira que ocupava a chefia do Departamento de Estudos e Pesquisas.

Maria Celina ocupava a diretoria desde 2008 e, entre suas principais funções, trabalhava na reformulação do marco regulatório do câmbio e nos sistemas que permitem usar diretamente moedas locais no comércio exterior, sem depender do dólar ou outra moeda. A economista volta ao PNUD, onde trabalhou entre 1999 e 2007. Antes, fez carreira no Banco Central, onde entrou em 1973 e já havia se aposentado.

Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, o BC informa que Meirelles apresentou o nome de Carlos Hamilton ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concordou com a indicação. O indicado é engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Ceará e é mestre e doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.

Carlos Hamilton é servidor de carreira do BC desde 1992 e ocupava desde 2006 o Departamento de Estudos e Pesquisas, área diretamente vinculada ao diretor de Política Econômica, Mário Mesquita, representante do grupo mais ortodoxo da autoridade monetária. Embora seja correto dizer que ele tem grande afinidade com Mesquita - já que, do contrário, não ficaria tanto tempo na chefia do único departamento que tem o privilégio de ter assento no segundo dia de reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando é definida a taxa básica de juros -, a indicação também tem de ser vista como uma solução caseira e técnica para o problema criado com a saída de Maria Celina.

Ao indicado, Meirelles pediu que seja elaborada uma proposta de reformulação da Diretoria de Assuntos Internacionais, que será posteriormente submetida à apreciação da diretoria colegiada do BC.

Para que possa assumir o cargo, Carlos Hamilton precisa ser sabatinada pelo Senado, o que pode demorar alguns dias porque o Congresso está em recesso. Até que ele assuma a função, o diretor de Política Monetária, Aldo Luiz Mendes, vai acumular os dois cargos.

Caso o Senado não aprove a indicação até o início da próxima reunião do Copom, em 26 e 27 de janeiro, a decisão sobre a taxa Selic será tomada com um voto a menos do que ocorre habitualmente.