Título: Brasil ainda não atende nem à demanda interna
Autor: Chrispim, Denise ; Chacra, Gustavo
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/02/2010, Internacional, p. A16

RIO O presidente das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), Alfredo Tranjan Filho, afirmou ontem que "não existe a menor possibilidade de um convênio internacional para a gente enriquecer nada de ninguém". A declaração foi uma resposta aos "rumores" sobre a eventual participação do País na produção de combustível nuclear para o Irã. Ele havia acompanhado a notícia divulgada por uma agência internacional, e disse que não foi consultado sobre o assunto. "Se vai se falar alguma coisa de enriquecimento (de urânio) no Brasil, vai ter de ser feito por meio da INB, que é a responsável por isso. Não houve nenhuma consulta, absolutamente nada."

Tranjan Filho lembrou que a produção da INB ainda não é capaz de atender à demanda brasileira. "Não é o Irã, não há a menor condição de produzir para ninguém", ressaltou. "Estamos perseguindo nossa meta que é a de sermos autossuficientes para atender as usinas Angra 1, 2 e 3. Vamos conseguir chegar a esse estágio em torno de 2015, e aí virão as novas usinas nucleares. Trabalhamos para atender à demanda nacional."

Ele explicou que o enriquecimento consiste numa etapa única, portanto não haveria como o Brasil ter uma participação parcial. "O enriquecimento pode ser vendido como um serviço por países com supercapacidade de produção, mas este não é o caso do Brasil", reiterou.