Título: Sobrinho de Arruda deixa cargo e agrava cenário de crise
Autor: Rangel, Rodrigo
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/02/2010, Nacional, p. A7

Rodrigo Diniz Arantes é apontado como um dos articuladores de tentativa de suborno

O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), sofreu mais uma baixa em seu gabinete em decorrência da sucessão de escândalos que atingem o governo. No sábado, Rodrigo Diniz Arantes, sobrinho e secretário particular de Arruda, pediu afastamento da função. Ele é apontado como um dos articuladores da suposta tentativa de suborno de uma importante testemunha do chamado "mensalão do DEM".

Em nota, Arantes classificou o episódio como uma farsa e disse que decidiu deixar o gabinete do tio "até a completa apuração dos fatos". "Meu nome foi citado indevida e maldosamente pelo senhor Antônio Bento da Silva numa história fantasiosa e absurda, construída como parte da farsa arquitetada contra o governador José Roberto Arruda", afirma o texto.

Antônio Bento da Silva, conselheiro do Metrô do DF desde o início do governo Arruda, foi preso em flagrante na quinta-feira ao entregar R$ 200 mil ao jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, testemunha-chave das investigações sobre o suposto esquema de propina no governo. Em depoimento à Polícia Federal logo após a prisão, Bento disse ter sido procurado 20 dias antes por Rodrigo Arantes para fazer a proposta a Sombra e afirmou que foi Arantes quem providenciou o dinheiro entregue à testemunha.

Na nota em que comunica seu desligamento do governo, o sobrinho de Arruda nega tudo. Sustenta que foi Bento quem o procurou, em busca de uma audiência com o governador, que não teria ocorrido. "O senhor Antônio Bento não tratou comigo nenhum outro assunto que não fosse o pedido de audiência, e também não me informou os assuntos que pretendia tratar no encontro."

Edson Sombra diz que chegou a receber dos supostos emissários de Arruda uma oferta de R$ 3 milhões, em dinheiro vivo e contratos com o governo, para que lançasse dúvidas sobre os vídeos que mostram a distribuição de propina a integrantes do governo e deputados da base aliada. A negociação teria envolvido três interlocutores. Um deles chegou a entregar ao jornalista um bilhete escrito pelo próprio Arruda. Na versão de Sombra, o manuscrito teria sido usado pelo emissário como uma prova de que Arruda estava pessoalmente empenhado em fechar o acordo.

Desde que estourou o escândalo de corrupção em seu governo, em novembro do ano passado, Arruda vem perdendo seus auxiliares mais próximos. Antes de Rodrigo Arantes, saíram o então secretário da Casa Civil, Geraldo Maciel, e o chefe de gabinete do governador, Fábio Simão, que apareciam nos vídeos da propina.

Ontem pela manhã, estudantes, representantes de entidades sindicais e militantes do PT, PSOL, PSB e PDT fizeram manifestação em Brasília para pedir a saída do governador. O protesto reuniu cerca de 500 pessoas.