Título: Inflação de janeiro é a mais alta em sete anos
Autor: Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/02/2010, Economia, p. B3

Puxado por comida e ônibus, IPC-Fipe subiu 1,34% e IPC-S da FGV atingiu a 1,75% em SP

A inflação ao consumidor começou o ano em alta, puxada pelo aumento da tarifa de ônibus e dos preços dos alimentos, revelam dois índices de preços divulgados ontem. Em janeiro, o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) subiu 1,34% em São Paulo e atingiu a maior marca mensal em quase sete anos, desde fevereiro de 2003 (1,61%). Em dezembro, o IPC tinha subido só 0,18%.

O Índice de Preços ao Consumidor-Semanal (IPC-S) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) teve trajetória semelhante ao IPC-Fipe. Subiu 1,29% em janeiro, após ter aumentado 0,24% em dezembro. Em São Paulo, o resultado do IPC-S foi ainda mais elevado que a média das sete capitais: subiu 1,75%, maior alta em sete anos.

"A arrancada da inflação neste começo de ano foi mais forte do que o esperado", afirmou o coordenador do IPC-Fipe, Antonio Evaldo Comune. A projeção inicial para janeiro era que o IPC-Fipe encerrasse o mês com elevação de 1,01%. O fator que escapou das previsões foi a alta dos preços dos alimentos. A comida ficou 1,52% mais cara em janeiro, após ter registrado retração nos preços de 0,24% em dezembro.

Afetados pelas chuvas, os alimentos in natura subiram 4,44% no mês passado. A segunda maior alta dentro do grupo alimentação ocorreu nos produtos semielaborados, que ficaram 1,56% mais caros. Comune destaca a elevação das carnes bovinas (1,27%), das massas (0,69%) e do arroz (5,33%), produtos influenciados pelo câmbio que se desvalorizou cerca de 8% em janeiro.

Apesar da aceleração dos preços dos alimentos ter surpreendido, esse grupo de produtos contribuiu com parcela importante, porém menor, para a alta da inflação de janeiro. Do IPC-Fipe de 1,34%, a alimentação respondeu por 26% da alta ou 0,34 ponto porcentual. A maior parte da variação veio do grupo transportes, que foi responsável por 54% do resultado do indicador ou 0,72 ponto porcentual.

Com alta de 13,74% em janeiro, a tarifa de ônibus que pesa 4,40% no IPC-Fipe, foi o item que mais pressionou a inflação no mês passado e impulsionou a elevação de 4,58% dos transportes. Segundo Comune, houve no período alta também da lotação (15,38%) e da passagem de integração (ônibus-metrô), que ficou 5,93% mais cara. O álcool combustível, que também integra esse grupo, subiu 12,93% em janeiro e foi o segundo maior aumento entre os 425 itens que compõem o indicador. A relação álcool/gasolina atingiu em janeiro 72,85%, a maior marca desde janeiro de 2003, quando a Fipe começou a fazer a comparação. O economista acredita que, com a entrada da safra de cana, o preço do álcool recue.

Diante do resultado de janeiro, a Fipe introduziu o viés de alta para o desempenho da inflação neste ano, estimada em 4,5%. Para fevereiro, Comune Fipe reviu a projeção de 0,58% para 0,60%, em razão do aumento do metrô e do IPTU.