Título: Vai incentivar caixa 2, diz tesoureiro do PT
Autor: Bramatti, Daniel ; Maia, Lucas de Abreu
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2010, Nacional, p. A6

Para Paulo Ferreira, tesoureiro do PT, o endurecimento nas regras de prestação de contas pode aumentar o volume de doações ilegais: "Sabe o que isso vai fazer? Vai incentivar o caixa 2". Ferreira nega que as doações a candidatos feitas por meio dos partidos sejam ocultas. "As doações estão na prestação de contas dos partidos, não são ocultas", diz. "A empresa que doa para o partido quer uma relação institucional."

Ferreira chama de "irrealizável" a determinação do TSE que obriga os partidos a prestar contas em ano de eleição, da mesma forma que os candidatos. Para ele, a minuta de prestação de contas contraria a legislação eleitoral. "Existe uma lei votada pelo Congresso. O TSE não pode contrariar a lei."

Hélio Silveira, advogado do PT, diz que a minuta do TSE pode "dar um ar de irregularidade" a um tipo de doação que ele considera legítima. "O que o TSE está fazendo é deixar mais claro uma coisa que já estava clara."

As posições petistas são reproduzidas do lado tucano. Ricardo Penteado, advogado do PSDB, considera difícil relacionar a origem dos recursos ao seu destino. "É como se você tivesse uma caixa d"água em casa que recebe água da chuva e da fonte. Na hora de tomar banho, não dá para saber que água você usou." O secretário executivo do PSDB, Eduardo Jorge Caldas, afirma que os partidos "não têm como saber para quem prestar contas". Ele também disse não ver imoralidade na forma como as doações são feitas hoje.

"TOTAL APOIO"

Na direção contrária dos outros partidos, o PSOL protocolou carta no TSE manifestando o "total apoio" à minuta de prestação de contas em discussão no tribunal. "As preocupações do TSE, que esperamos sejam transformadas em resolução, garantirão transparência plena, vinculando cada recurso recebido pelo candidato com a empresa que o doou", diz o texto. "O TSE está fazendo o que é possível, já que não conseguimos mudar a lei", diz o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).