Título: Meirelles redigirá programa do PMDB
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/02/2010, Nacional, p. A8

Presidente do BC e Jobim foram escalados por Temer para impedir que PT imponha "prato feito" ao partido

O PMDB iniciou ontem uma ofensiva para se contrapor ao PT e garantir espaço na elaboração do programa de governo da candidata Dilma Rousseff. Reeleito presidente nacional do PMDB, o deputado Michel Temer (SP) chamou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, para barrar a consolidação do programa petista.

O motivo da pressa do presidente do PMDB em escalar o time que vai formular o plano foi a notícia de que o programa da candidata petista e ministra da Casa Civil já está pronto. Como o documento será discutido no Congresso do PT, que vai oficializar a candidatura de Dilma no dia 20, em Brasília, Temer agiu para deixar claro que não aceitará "prato feito".

Em telefonema ao vice-presidente do PT e assessor do Planalto, Marco Aurélio Garcia, Temer avisou que seu partido também terá um plano de governo e a aliança se dará a partir da fusão dos programas. "O PT não vai impor nada. Vamos trabalhar juntos", respondeu Garcia a Temer, segundo o próprio deputado disse a um interlocutor. "O que está acontecendo é que estão fazendo diretrizes, para depois conversarmos em conjunto", explicou o assessor especial de Lula ao peemedebista.

O documento petista, intitulado A Grande Transformação, defende a maior presença do Estado na economia, com fortalecimento das empresas estatais e das políticas de crédito dos bancos públicos federais para o setor produtivo. Embora uma ala expressiva do PMDB tenha viés nacionalista e se identifique com a ideia do reforço do papel do Estado, o cenário aponta para um intenso debate entre petistas e peemedebistas.

ENCONTRO

Meirelles, vez ou outra alvo de setores do PT, que o criticam na condução do BC, aceitou o convite para traçar as linhas econômicas do plano do PMDB, mas não será o único a cuidar desse assunto. Temer quer a colaboração do ex-ministro Delfim Netto. O grupo de trabalho contará, ainda, com a colaboração do ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger e do diretor de Loterias, da CEF, Moreira Franco.

A articulação em torno do programa de governo do PMDB tem apoio do grupo que defende a candidatura própria na corrida sucessória e da ala que prefere uma aliança com o governador de São Paulo, José Serra, pré-candidato tucano ao Planalto. "Seja qual for o projeto de poder do partido, o PMDB precisará ter seu plano de governo", afirma Temer.

Defensor da parceria com o PT, ele afirma que uma boa aliança, no "presidencialismo de coalizão", se faz com a formulação conjunta do programa que os aliados executarão no futuro governo. O PMDB entende que o ponto de partida para o planejamento conjunto serão os esboços de programa que cada legenda deverá levar à mesa da aliança. .