Título: Para comprar um carro zero, André poupou durante 5 anos
Autor: Chiara, Márcia De
Fonte: O Estado de São Paulo, 31/01/2010, Internacional, p. B6
Estudante de engenharia começou a guardar dinheiro com 15 anos
NA LATINHA - André Paparazzo, 20 anos, que conseguiu poupar e comprar à vista um Gol zero quilômetro: ''Eu não gastava com tranqueira''
O estudante de engenharia André Paparazzo, de 20 anos, operador de máquinas da Volkswagen, poupa desde os 15, quando começou a estudar no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). No início deste ano, ele alcançou uma de suas metas: comprou o primeiro carro, um Gol zero quilômetro e à vista. "Quando comecei a trabalhar, sempre pensei em comprar o meu carro."
Para atingir esse objetivo, Paparazzo conta que poupava tudo que dava. "Quando recebia o 13º e a participação nos lucros, fingia que nem recebia e colocava tudo na caderneta de poupança." O espírito poupador, segundo ele, vem desde criança. Quando ganhava uma mesada ou algum presente em dinheiro da família, ele guardava tudo numa "latinha". "Eu não gastava com tranqueira."
Hoje, com salário de quase R$ 1,6 mil mensais, ele paga boa parte da faculdade (a sua maior despesa), gasta pouco com roupas, controla o uso do celular. Com isso, consegue cobrir a maior parte das suas despesas, apesar de morar na casa dos pais.
Paparazzo é o retrato fiel dos jovens de menor poder aquisitivo que, segundo a pesquisa Kantar Worldpanel (ex- LatinPanel), mostra que, quando a análise é feita na esfera da renda individual, os adolescentes das classes C e D/E administram melhor os recursos que recebem da família ou de seus ganhos pessoais no mercado de trabalho.
Segundo a pesquisa, os jovens da classe C economizam 32% do que ganham e os das camadas D/E poupam 48% da sua renda individual. Já os mais ricos, das classes A/B, são descontrolados, diz Christine Pereira, responsável pela enquete. Isto é, eles gastam 14% mais do que recebem.
"Prefiro gastar mais do que poupar", afirma a adolescente Vitória Franco Arrivabene, de 13 anos. Estudante da 6ª série do ensino fundamental, ela conta que vai ao cabeleireiro fazer as unhas a cada 15 dias, compra roupas e só não gasta mais com celular porque sua conta é controlada pela avó, que impôs o limite de R$ 35 por mês.
O telefone celular, por exemplo, um dos itens mais citados na lista de compras dos jovens, ela troca uma vez por ano. "Eu gosto de aparelhos com mais recursos", diz a estudante, que ainda não trabalha e depende da renda dos pais.
Dados da pesquisa revelam que 70% dos jovens entre 7 e 13 anos têm celular. Essa proporção chega a 88% entre os que têm entre 14 e 18 anos. Na média do País, 57% dos jovens trocam de telefone celular a cada 14 meses e 58% deles compram aparelhos que custam até R$ 200, sendo 32% de segunda mão.