Título: Irmãos em férias voltam ao Brasil
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2010, Internacional, p. A17

Dois filhos de uma funcionária brasileira da Organização das Nações Unidas que passavam férias no Haiti foram levados para Brasília por um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Paulo Victor Nicolini, de 22 anos, e João Carlos Nicolini, de 23 anos, estavam em um hotel em Porto Príncipe no momento do terremoto. O prédio desabou após o tremor. João Carlos teve uma luxação no braço, e Paulo Victor não sofreu ferimentos.

Ao desembarcar em Brasília, Paulo Victor estimou que 80% dos hóspedes do hotel onde estava hospedado tenham morrido com o desabamento do prédio.

Quando ouviram o barulho, os irmãos seguiram as recomendações em caso de terremoto e correram para debaixo da porta do quarto onde estavam e, por isso, se salvaram. "Não sei como estamos vivos. Demos sorte", afirmou.

Após o terremoto, os irmãos ficaram próximos ao hotel, que havia sido construído sobre uma montanha em Porto Príncipe, por cerca de 24 horas à espera de resgate.

Como a ajuda não chegou, eles desceram a pé na manhã do dia seguinte. A mãe, Eliana Nicolini, estava no prédio da ONU na hora do tremor e não sabia do paradeiro dos filhos.

Na tentativa de encontrá-los, Eliana deixou o edifício da ONU e andou até o hotel - localizado a uma distância de aproximadamente 25 quilômetros. Ao ver o prédio destruído, imaginou que os filhos tinham morrido soterrados.

Mas a mãe os encontrou, horas depois, com um grupo de franceses. "Ela chorou muito", contou João Carlos. Eliana permanecerá no Haiti a serviço das Nações Unidas. "Ela está a trabalho. Não pode sair de lá", disse o filho.

Os irmãos haviam viajado para o Haiti no dia anterior ao terremoto. Em férias, deixaram Miami para visitar a mãe em Porto Príncipe.

Paulo Victor e João Carlos chegaram anteontem ao Brasil, em um voo que também trouxe outros dois brasileiros que estavam na capital haitiana.

Após serem recebidos pelos irmãos, pela avó e pela madrasta, foram submetidos a exames médicos. Agora, dizem, querem apenas descansar.