Título: Estamos consertando o avião em pleno voo
Autor: Andrade, Renato
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/01/2010, Economia, p. B7

Pedro Alberto Bignelli: diretor do Ibama

O geólogo Pedro Alberto Bignelli, que assumiu em dezembro a diretoria de licenciamento ambiental do Ibama, quer acabar com a fama do órgão de responsável pelo atraso na liberação de licenças ambientais. Paulista de Ribeirão Preto, Bignelli promete concluir até o fim deste mês um esboço das novas regras que deverão ser adotadas pelos técnicos do Ibama para padronizar procedimentos e acelerar a tramitação dos projetos. Ele reconhece que a mudança será complexa e lenta, mas se diz preparado para continuar ouvindo reclamações e sofrendo pressões. A seguir, os principais trechos da entrevista:

Quais são as mudanças em estudo para que a licença ambiental no Ibama ganhe mais agilidade?

Vamos padronizar os procedimentos. Um grupo da diretoria de qualidade já está juntando todas as manifestações e temos até o final do mês para tirar um esqueleto desse esboço de normatização.

Na prática, o que mudará?

Hoje temos um único termo de referência para rodovias e passaremos a ter quatro. As hidrelétricas passarão a ter termos de acordo com o tamanho do projeto. Cada assunto vai gerar termos específicos. Vamos melhorar também o formulário de informações iniciais, que é fraquíssimo.

Qual é o efeito prático desse tipo de mudança?

Atualmente, gastamos, em média, 60 dias apenas para chegar ao termo de referência, a primeira etapa do licenciamento. Com uma organização um pouco melhor, a gente vai passar para metade disso.

Haverá alterações nas equipes técnicas?

Vamos deixar de operar com equipes por tipo de projeto (ferrovias, hidrelétricas, etc) e criar grupos que serão responsáveis pela análise do meio biótico, constituído por biólogos e engenheiros agrônomos e florestais, outro para questões socioeconômicas, e um terceiro para analisar o meio físico, com geólogos e engenheiros.

A pressão e as críticas continuarão por algum tempo, não?

Estamos consertando o avião em pleno voo. Não podemos fechar a diretoria por seis meses, fazer as normas e depois ver tudo funcionando. Temos de fazer as mudanças em tempo real, com ajustes um pouco mais lentos. Você cria calo nas costas e vai levando.