Título: Em Minas, participação caiu para 10% das vendas
Autor: Lima, Kelly ; Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2010, Economia, p. B5
O aumento do preço derrubou as vendas do álcool combustível em Minas Gerais. Nos últimos quatro meses, o etanol perdeu participação no mercado para a gasolina e hoje representa cerca de 10% do total de combustíveis vendidos. Até novembro, a participação do álcool estava perto de 40%.
"Quase ninguém pede álcool e, quando pede, a gente mesmo avisa que não está compensando", disse o frentista Tiago Carvalho, do posto VIP, na zona sul de Belo Horizonte. "Não é justo enganar o cliente."
O preço médio do litro de álcool na capital mineira é R$ 2,05. Segundo especialistas, para compensar financeiramente, o combustível não poderia custar mais do que R$ 1,71. O cálculo leva em consideração o rendimento menor do álcool em relação à gasolina.
A queda na venda de álcool e o consequente crescimento da venda de gasolina deixou alguns postos de Belo Horizonte desabastecidos. "O posto que fica próximo do nosso ficou sem estoque, os motoristas tiveram de vir para cá e nós acabamos vender mais", contou Carvalho.
Uma pesquisa realizada em Belo Horizonte pelo instituto Mercado Mineiro mostrou que de 12 de janeiro a 2 de fevereiro o álcool subiu 6,75%. O porcentual é três vezes maior que a inflação da capital mineira em janeiro, de 1,94%. Com baixa demanda, alguns postos já cogitam deixar de vender álcool.
Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Sérgio de Mattos, não é uma boa estratégia deixar de vender o produto. Ele acredita que as medidas do governo poderão conter a escalada do preço do etanol.
O presidente do Sindicato da Indústria de Fabricação de Açúcar e Álcool de Minas Gerais (Siamig), Luiz Custódio Martins, também acredita que o preço do álcool tende a cair a partir de maio. Segundo ele, a safra está sendo antecipada para março, aumentando a oferta.