Título: Emprego industrial tem queda recorde
Autor: Farid, Jacqueline
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2010, Economia, p. B6
Número de vagas caiu 5,3% em 2009, no pior resultado desde o início da pesquisa do IBGE, há oito anos
RIO A crise econômica que abalou a produção industrial em 2009 derrubou também o emprego no setor. A ocupação caiu 5,3%, o pior resultado da série histórica anual do IBGE, iniciada há oito anos. A folha de pagamento real também fechou o ano em queda (2,8%). Os resultados do último mês do ano foram negativos, mas a expectativa de especialistas é que o quadro para o mercado de trabalho industrial melhore já neste primeiro trimestre.
O economista André Macedo, da Coordenação de Indústria do IBGE, observou que os setores que mais enxugaram vagas em 2009 são os mesmos que lideraram a queda na produção (-7,4%), como meios de transporte (-9,8%, incluindo a indústria automobilística) e máquinas e equipamentos (-8,6%). "Há queda recorde no número de empregos e horas pagas, com predomínio de setores e locais em declínio."
Para o economista Rogério Souza, do Iedi , os dados negativos "atestam o forte impacto da crise global sobre a indústria brasileira". Ele ressalta que os resultados do emprego foram "muito distintos" nas duas metades do ano. No primeiro semestre, houve queda de 5,5% ante o último semestre de 2008, enquanto no segundo semestre foi apurada variação de 0,1% ante os seis meses anteriores.
"Felizmente, não ocorreu um novo ajuste no emprego no segundo semestre e esperamos que esta seja a tendência em 2010", disse Souza. Sua expectativa é que neste ano o mercado de trabalho na indústria recupere os postos perdidos no ano passado.
PERDA DE RITMO
Em dezembro, houve recuo de 0,6% no número de vagas na indústria, ante novembro, a primeira queda ante mês anterior apurada desde junho. Ante dezembro de 2008, houve redução de 2,7%. O número de horas pagas e a folha de pagamento real também apresentaram resultados negativos em todas as comparações.
"Os dados de dezembro mostraram uma queda nada desprezível, mas esse não é mesmo um bom mês para a ocupação no setor. Vamos esperar os resultados deste início de ano. As perspectivas são positivas", disse Souza.
Macedo, do IBGE, explica que o emprego se "acomodou" no último mês de 2009, assim como a produção da indústria. Segundo ele, a exemplo do nível de atividade, a queda na ocupação também não reverte a tendência de crescimento no setor.
A analista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro avalia que a queda na ocupação em dezembro reflete os "resultados mais fracos da produção industrial" no ano passado. A expectativa, segundo ela, é que a produção comece a apresentar resultados mais favoráveis, com crescimento, ainda que gradual.
Essa trajetória de expansão, diz ela, será acompanhada pelo emprego. "O emprego, que responde com certa defasagem à produção, deve voltar a resultados favoráveis ao longo do ano." A folha de pagamento da indústria caiu 3,7% em dezembro ante novembro e 5% ante dezembro de 2008.