Título: Quem especular contra o euro vai perder, diz UE
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/02/2010, Economia, p. B8/10

Aposta contra a moeda única supera 8 bilhões

GENEBRA Quem apostar contra o euro sairá no prejuízo. O alerta é do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, que ontem ganhou a aprovação do Parlamento Europeu para mais um mandato à frente do bloco. Nos últimos dias, o euro vem sendo alvo de um ataque especulativo. No total, operadores e hedge funds apostaram quase 8 bilhões contra a moeda. Trata-se da maior aposta na desvalorização do euro desde a sua criação.

Ontem, Barroso rejeitou que a UE não tenha instrumentos para evitar um contágio ou que a moeda perde credibilidade. "O euro continuará a ser um instrumento central para nosso desenvolvimento", afirmou Barroso ao parlamento em Estrasburgo.

"Aqueles que acham que podem colocar em questão o euro precisam entender que vamos nos manter em nosso caminho. A UE tem os mecanismos necessários para lidar com os desafios que surjam", disse.

Na semana passada, o euro havia sofrido sua pior queda em oito meses diante da percepção de que Grécia, Espanha e Portugal não teriam como pagar suas contas. "No caso da Grécia, temos a capacidade de avaliar e monitorar seu ajuste fiscal", disse Barroso.

O Banco Central Europeu também acusou ontem os especuladores de estarem apostando na desvalorização do euro e contribuindo para deteriorar a situação da Grécia. Ewald Nowotny, membro do conselho do BCE, deixou claro que os hedge funds seriam uma das explicações do problema.

NOBEL

O Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz minimizou as pressões do mercado da dívida enfrentadas pela Grécia, dizendo que elas refletem investidores irracionais "excessivamente excitados" sobre um país cuja situação fiscal está sob controle.

Em uma entrevista para a Dow Jones, Stiglitz, que está atuando como um consultor informal para o governo da Grécia, disse que o governo grego adotou um plano inteligente para reduzir a dívida.

"Se alguém olhar para o programa (de dívida) que eles propuseram, é na verdade um programa bastante sério e abrangente que não tenta fazer grandes promessas", disse. "Não está realmente claro para mim que exista qualquer problema fundamental que não seja um ataque especulativo".

Stiglitz disse que a UE deveria deixar explícito seu apoio para a Grécia e outros países, como a Espanha e Portugal, que também enfrentam pressões no mercado da dívida. Ele disse que a UE deve considerar algum tipo de fundo de contingência que possa ser acessada em caso de emergência por um estado membro.

"Eu penso que a zona do euro agora se deu conta que essa não é uma questão só da Grécia. É uma questão para a UE por causa do que está em jogo na Espanha, Portugal e possivelmente... outros membros", disse. COM DOW JONES NEWSWIRES