Título: Eleições determinam escolha de líderes no Congresso
Autor: Samarco, Christiane
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/02/2010, Nacional, p. A7
Costura de alianças políticas e afinidades com pré-candidatos guiam definição dos novos comandos partidários
BRASÍLIA
A proximidade da eleição presidencial fez com que o Palácio do Planalto e os partidos aliados e de oposição adotassem a mesma estratégia para montar seus times no Congresso. A escolha dos novos líderes, que serão oficializados amanhã, na reabertura dos trabalhos do Legislativo, foi fruto do "ajuste eleitoral" nos campos governista e de oposição. Na Câmara, a cúpula do DEM optou por um nome afinado com a candidatura presidencial do governador tucano de São Paulo, José Serra, enquanto o governo buscou uma alternativa com melhor trânsito no PMDB.
O novo líder do DEM na Câmara será o deputado Paulo Bornhausen (SC), filho do ex-senador Jorge Bornhausen, escolhido por consenso na bancada e com o apoio da cúpula partidária. Depois da troca pública de farpas entre o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), e o governador Serra, a escolha do filho do ex-senador para liderar a bancada sinaliza a proximidade do candidato tucano. Paulo segue o script do pai, que conversa semanalmente com Serra e foi peça fundamental no acordo de paz entre o DEM e PSDB, depois da disputa pela prefeitura de São Paulo.
Também não por acaso, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) deixa o comando da bancada petista para assumir a liderança do governo na Câmara. Em tempos de costura da aliança nacional com o PMDB para eleger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) presidente, o governo optou por desalojar o líder gaúcho Henrique Fontana (PT). Trocou o deputado de um Estado onde PT e PMDB vivem às turras, pelo paulista Vaccarezza, que integra a lista dos "queridinhos do PMDB" no PT, por seu diálogo fácil com a cúpula peemedebista.
Governo e oposição querem afinar seus times de líderes no Congresso com o candidato a presidente. Encarregada de ler a mensagem de Lula ao Congresso, a ministra Dilma é considerada presença certa na sessão solene que marcará o início do ano legislativo, às 11h30 de amanhã. Logo na chegada, será recepcionada por Vaccarezza e seu provável sucessor na liderança do PT, o deputado Fernando Ferro (PE). Assim como nos partidos de oposição, não deve haver disputa pelo posto de líder petista este ano.
O líder do PSDB na Câmara será o deputado João Almeida (BA) e, ao menos até agora, Ferro é candidato único e deve ser oficialmente escolhido amanhã à tarde, com o apoio da cúpula do partido e da bancada.
Será a primeira visita da ministra e candidata ao Congresso depois de ela assumir publicamente a candidatura em solenidades Brasil afora. Mas ninguém teme qualquer manifestação hostil dos adversários da candidata petista. A solenidade tem rito próprio em que a leitura da mensagem presidencial não admite apartes dos líderes nem debate no plenário.