Título: Empresas brasileiras decidem integrar auxílio humanitário
Autor: Rodrigues, Alexandre; Thomé, Débora
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2010, Internacional, p. A13

Odebrecht e OAS disponibilizam maquinário para reconstrução de infraestrutura e prometem obras

RIO

As cenas trágicas que se seguiram ao terremoto estimularam empresas brasileiras e multinacionais a enviar doações e mão de obra especializada para o Haiti. Além de ajudar, seguindo suas políticas de responsabilidade social, as empresas credenciam-se para participar da reconstrução do país. Construtoras como a Odebrecht e a OAS, que já têm atividades na região, deverão ter papel importante nas obras emergenciais.

A OAS estava construindo uma rodovia no Haiti. A empreiteira colocou à disposição seus funcionários e equipamentos para "qualquer ação emergencial e de ajuda humanitária", segundo nota. Já a Odebrecht não estava no país, mas é a maior construtora em operação na República Dominicana.

A empresa ofereceu, em caráter de doação de serviços, dez máquinas escavadeiras com operadores para trabalhar na desobstrução de vias, remoção de escombros e busca de corpos. No entanto, com dificuldades de organização da fronteira, as máquinas só chegaram ao país no sábado.

Ontem, o diretor de contratos da construtora brasileira na República Dominicana foi a Porto Príncipe acompanhar os trabalhos da empresa, que também está ajudando a reorganizar a logística para o escoamento e distribuição de doações.

Entre os donativos estão US$ 150 mil em alimentos e US$ 1 milhão em água que foram enviados pela Nestlé. Segundo a assessoria da companhia no Brasil, apenas ontem foram entregues 20 caminhões de água e cerca de US$ 25 mil em produtos nas regiões afetadas pelo terremoto. A multinacional suíça também doou R$ 100 mil em dinheiro, e os funcionários da Nestlé na República Dominicana doam sangue para o atendimento aos feridos.

A Ambev - que também atua no país vizinho - está dedicando parte de sua linha de produção para, excepcionalmente, engarrafar água. Partes ociosas da fábrica de cerveja e refrigerantes na República Dominicana estão sendo utilizadas para embalar os 420 mil litros que estão sendo enviados ao Haiti desde sábado em caminhões da companhia.

Responsável por toda a comunicação do Exército no Haiti desde o início da missão no País, a Embratel foi convocada para restabelecer o sistema danificado pelo terremoto. Chegaram ontem a Porto Príncipe quatro técnicos da companhia telefônica, que vão trabalhar nos reparos de equipamentos do sistema de comunicação via satélite da tropa brasileira.

No sábado, dez técnicos engenheiros da Telefônica chegaram a Porto Príncipe para restabelecer a comunicação entre as bases do Exército brasileiro. Eles não têm ainda ideia de quanto tempo esses funcionários vão ficar no Haiti. "Por enquanto, nossa tarefa é com o Exército, mas isso não significa que o trabalho não possa ser expandido", afirmou Fernando Freitas, diretor de Relações Institucionais da Telefônica.