Título: Sobe para 19 número de brasileiros mortos e 16 corpos chegam amanhã
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Fonte: O Estado de São Paulo, 19/01/2010, Internacional, p. A10

Encontrados corpos do tenente-coronel Marcus Vinícius Macedo Cysneiros e do coronel João Eliseu Souza Martins

Luciana Nunes Leal, Afp e Associated Press

Após o resgate ontem dos corpos do tenente-coronel Marcus Vinícius Macedo Cysneiros e do coronel João Eliseu Souza Martins, membros da Missão de Estabilização da ONU para o Haiti (Minustah), subiu para 19 o número de brasileiros mortos em consequência do terremoto no Haiti. Um militar ainda está desaparecido. Cysneiros era membro do Estado-Maior do batalhão brasileiro, informou o Comando do Exército em Brasília.

Até agora, o Brasil confirmou a morte de 17 soldados e 2 civis: Luiz Carlos da Costa, o segundo na hierarquia de comando da ONU no Haiti, e Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança. Os corpos dos militares chegam amanhã a Brasília, onde receberão "honras fúnebres", segundo o Comando. Outros 16 militares brasileiros foram resgatados com vida e transferidos para um hospital em São Paulo, onde permanecem internados.

Reforço

Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o Brasil poderá mandar reforço ao Haiti para atuar na segurança de Porto Príncipe. Entre as possibilidades em estudo está o envio de policiais militares brasileiros, além de integrantes das Forças Armadas.

O comandante do Exército brasileiro, Enzo Martins Peri, informou que o Brasil tem condições de dobrar o número de militares no Haiti. Mas Amorim disse que o reforço deve ser de vários países. "De imediato, o Brasil já tem 1.300 homens no Haiti. É mais do que um batalhão. Essas forças complementares podem vir de vários lugares. Não excluo que, à medida que as coisas evoluam, se for necessário mais, nós consideremos enviar."

"O Brasil já tem a maior participação, o comando é brasileiro. Houve uma possibilidade de mais policiais militares, mas tudo está sendo examinado."

Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ao Conselho de Segurança um reforço de 3.500 militares e policiais. Na tarde de ontem, Amorim, sem saber do pedido, havia falado em mais 1.100 ou 1.200 agentes (800 militares e entre 300 e 400 policiais).

O primeiro reforço deve ser de militares da República Dominicana, vizinha do Haiti. "Na área militar, o oferecimento que já existe é o da República Dominicana. Um dos problemas são os comboios que partem de lá para Porto Príncipe e precisam de apoio militar. Muita coisa não pode chegar por avião e os portos não funcionam."

Amorim negou que haja desentendimento entre os governos do Brasil e dos EUA sobre a coordenação do auxílio. Ele reiterou que o comando cabe à Minustah, liderada pelo general brasileiro Floriano Peixoto Vieira. Amorim disse não ter dificuldade em dialogar com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton.