Título: Terceiro colocado em eleição chilena anuncia apoio a Frei no 2º turno
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/01/2010, Internacional, p. A10
Enríquez-Ominami, que obteve 20% dos votos em dezembro, pode decidir resultado de domingo, dizem analistas
AP, Afp, Efe e Reuters
IDEOLOGIAS OPOSTAS - Enríquez-Ominami em Santiago: para terceiro colocado, há "abismo irreconciliável" entre suas ideias e as da direita
SANTIAGO Marco Enríquez-Ominami, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições presidenciais chilenas de dezembro, anunciou ontem seu apoio ao candidato da Concertação, Eduardo Frei, na votação de domingo.
"Diante desta conjuntura histórica, sobre essa incerteza de que a direita possa chegar a impedir a marcha do Chile em direção a seu futuro, é minha responsabilidade contribuir como posso para que isso não ocorra", afirmou Enríquez-Ominami durante um pronunciamento à imprensa. "Portanto, declaro formalmente minha decisão de apoiar o candidato do povo, dos 29% dos chilenos que votaram em 13 de dezembro", disse o ex-candidato, referindo-se à porcentagem obtida por Frei no primeiro turno das eleições.
Enríquez-Ominami, que em junho deixou o Partido Socialista e concorreu como independente na eleição de dezembro, obteve 20% dos votos. O anúncio do apoio a Frei foi uma surpresa porque depois do primeiro turno Enríquez-Ominami chegou a afirmar que não apoiaria nenhum dos candidatos que concorreu com ele.
No entanto, o ex-candidato afirmou que a "vontade política" expressada pelo governo recentemente ao agilizar vários projetos de lei considerados por ele como prioritários fizeram com que repensasse suas declarações anteriores. Enríquez-Ominami ainda afirmou que há "um abismo irreconciliável" entre suas ideias e as da direita chilena.
APOIO DECISIVO
Nas últimas semanas, a Concertação - a coalizão de centro-esquerda que governa o país há 20 anos - fez uma série de gestos ao terceiro colocado para conseguir seu apoio no processo eleitoral.
Segundo analistas políticos, os eleitores que optaram por Enríquez-Ominami no primeiro turno deverão ser decisivos na escolha do sucessor da presidente Michelle Bachelet. A votação é considerada por analistas uma das mais difíceis para o bloco governista desde o retorno da democracia em 1990, após a queda da ditadura de Augusto Pinochet.
Apesar do desgaste natural da Concertação e das divisões internas da coalizão, Bachelet chega ao fim de seu mandato com um recorde de aprovação popular, o que não conseguiu transferir a Frei.
Uma projeção feita pelo instituto de pesquisas Mori, publicada antes do anúncio de Enríquez-Ominami, mostrou uma pequena vantagem do empresário de direita Sebastián Piñera - que obteve 44% dos votos no primeiro turno - sobre Frei. De acordo com o estudo, Piñera tem 50,9% das intenções de voto, enquanto Frei tem 49,1%.