Título: Aliado diz que governador não dormiu e sofre demais
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2010, Nacional, p. A4
Arruda continua preso no gabinete da Diretoria Técnica e Científica, que tem ar-condicionado e frigobar
O governador José Roberto Arruda (sem partido) passou sua primeira noite na prisão, de quinta para sexta-feira, acomodado num sofá. Insone e profundamente abatido com o decreto de prisão e afastamento do cargo, ele varou a madrugada sem praticamente dormir. "Ele está sofrendo demais, é uma situação muito humilhante", disse o chefe da Casa Militar do Distrito Federal, coronel Ivan Gonçalves, o primeiro visitante. "Embora abatido, Arruda disse que acredita em Deus e que a Justiça será feita."
Por prerrogativa de função, Arruda tem direito a ficar em sala especial de Estado-Maior, destinada a altos dirigentes. Como não havia sala preparada com esses requisitos na carceragem da PF, onde foram recolhidos os demais presos da Operação Caixa de Pandora, Arruda foi acomodado no gabinete da Diretoria Técnica e Científica. Ele gostou do espaço e, com auxílio dos advogados, negociou a sua permanência até que o STF julgue o próximo habeas corpus, provavelmente após o carnaval. O diretor teve de se mudar para uma sala menor.
Com 40 metros quadrados, o "cárcere" de Arruda é quatro vezes maior que uma cela comum, de nove metros quadrados, onde geralmente são colocados três ou mais presos. A sala tem ar-condicionado, TV, frigobar e telefone. Por ordem da direção, porém, o telefone foi cortado e a TV retirada da sala.
Enviado pela família, o café-da-manhã de Arruda, à base de suco, frutas e pães, foi trazido por volta das 7 horas. Um manifestante tentou entrar no prédio com um café alternativo - panetone e champanhe. Foi barrado.
No almoço, foi servido o cardápio padrão de detentos - arroz, feijão, legumes, salada e carne de frango ou bovina, à escolha. Abatido e sem apetite, ele comeu pouco.
Ao longo do dia, ele recebeu as visitas de advogados e do secretário de Transportes, Alberto Fraga. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa disse que recebeu "com naturalidade" a recomendação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que a agisse com cautela ao efetuar a prisão do governador e respeitasse todos os seus direitos legais, entre os quais o de prisão especial.