Título: Em 2 meses, defesa ainda não foi ouvida
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/02/2010, Nacional, p. A4
Advogado do governador diz não ter tido acesso a toda a investigação
Conformado, o advogado Nélio Machado, que defende o governador afastado José Roberto Arruda (sem partido), afirmou ontem que só na próxima semana vai pedir a soltura de seu cliente. "Não há possibilidade de Arruda sair antes do carnaval", disse Machado, explicando que vai aguardar o julgamento do habeas corpus solicitado pela defesa ao pleno do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em entrevista à imprensa, convocada logo após o anúncio do ministro Marco Aurélio Mello, do STF, que negou pedido de habeas corpus, Machado criticou a condução do processo e das investigações contra seu cliente, argumentando que, em sua avaliação, ele não teve pleno direito a defesa. Segundo ele, a sessão de quinta-feira do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que confirmou a prisão preventiva de Arruda, foi "atabalhoada".
"A defesa não está sendo escutada", disse o advogado. Segundo ele, a investigação está sendo conduzida há dois meses e meio e até agora ninguém chamou o governador afastado para depor.
De acordo com o advogado, o julgamento do habeas corpus pelo Supremo será a primeira oportunidade para a manifestação da defesa do governador afastado. "A defesa pela primeira vez será ouvida. Em nenhum tribunal, em nenhuma instituição do poder público a defesa falou e não teve acesso a todas as peças de informação que constam da investigação", reclamou.
O advogado também criticou a posição da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que defendeu a prisão de Arruda. "A OAB não pode chamar para si a tarefa de julgar" e, segundo ele, nesse caso, a Ordem tornou-se sócia do órgão de acusação e cúmplice da autoridade policial. Procurado, o presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, disse por meio de sua assessoria que não iria comentar as declarações do advogado de Arruda.