Título: Investimento ficou em 16,9% do PIB, diz BNDES
Autor: Rodrigues, Alexandre; Chiarini, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2010, Economia, p. B5
Estudo mapeia aplicações de R$ 762 bilhões em setores da indústria e infraestrutura no período de 2010 a 2013
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, apresentou ontem estudo que mapeia investimentos de R$ 762 bilhões em setores da indústria e da infraestrutura entre 2010 e 2013. Desse total, R$ 488 bilhões referem-se ao primeiro segmento e R$ 274 bilhões ao segundo. Coutinho disse que o levantamento de projetos em planejamento representa metade do investimento total do País nos próximos quatro anos e indica crescimento de 40,3% em relação ao quadriênio anterior, o equivalente a 7% ao ano.
O estudo permite projetar que o crescimento da formação bruta de capital fixo este ano vai elevar o investimento da economia para 18,6% do Produto Interno Bruto (PIB). O banco estima que o indicador ficou em 16,9% em 2009, cálculo ainda não apresentado pelo IBGE. O País caminhava para um investimento de 20% do PIB em 2008, mas foi "abatido" pela crise e o resultado ficou em 19%, disse Coutinho.
Os setores com maior expectativa de investimentos são os de petróleo e gás, com R$ 307 bilhões, e os ligados ao mercado interno (automotivo, eletroeletrônico e petroquímico), com R$ 149 bilhões.
Na área de infraestrutura, segmentos como energia elétrica, saneamento, ferrovias, rodovias e portos respondem por R$ 207 bilhões das previsões. O restante se refere aos setores exportadores, como siderurgia, papel e celulose e indústria extrativa mineral.
"É natural que o setor exportador se recupere mais lentamente, mas nosso radar já mostra recuperação de projetos nessa área. Temos razões para acreditar que, com o decorrer do ano e a recuperação, ainda lenta, do mundo, os planos de investimento vão engordar."
ENTUSIASMO
Apesar de o crescimento do investimento ser mais lento do que no período anterior à crise, ele arrisca que o indicador pode surpreender. "Essa é a projeção da área técnica, um crescimento de 17,5% do investimento este ano. Eu, com meu entusiasmo, acho que pode ser mais", brincou. "Viramos a página da crise. A discussão da economia agora é mais o ritmo que ela terá em 2010 ou 2011."
Coutinho afirmou que o BNDES teve papel decisivo na recuperação da economia diante da crise. O banco desembolsou R$ 137,4 bilhões em 2009, 49% a mais do que em 2008, e respondeu por 37% do aumento de crédito desde o início da crise. A indústria liderou as liberações, com R$ 62,8 bilhões, sob o impacto do empréstimo de R$ 25 bilhões para a Petrobrás.
Coutinho evitou falar sobre eventual elevação dos juros pelo Banco Central, mas disse que o BNDES trabalha para aumentar a capacidade produtiva à frente da demanda para evitar pressões inflacionárias. Defendeu a aproximação maior entre a Selic (8,75%) e a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), de 6%.
Para ele, a decisão do governo de lançar o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) em julho, quando a indústria já tinha ocupado 80% da capacidade, foi decisiva para que os empréstimos ao setor de bens de capital a taxas de 4,5% ao ano influenciasse para que o investimento assumisse o crescimento da economia no lugar do consumo.