Título: Planilha mostra loteamento de cargos no DF
Autor: Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2010, Nacional, p. A10
Documentos foram encontrados na casa do braço direito de Arruda
Planilhas apreendidas pela Policia Federal na Operação Caixa de Pandora revelam que o governador afastado Jose Roberto Arruda (sem partido) pôs a tecnologia de gestão de seu governo a serviço do fisiologismo político. Os documentos, aos quais o Estado teve acesso, foram encontrados na casa de seu autor,o ex-chefe de gabinete Domingos Lamoglia, braço direito de Arruda na operação do chamado ""mensalão do DEM"".
Eles mostram um engenhoso esquema de loteamento de 4,5 mil cargos de confiança na maquina estatal, de livre nomeação, com salários que vão de R$ 600 a R$ 15 mil mensais. Os valores mais altos são destinados a administradores regionais e dirigentes de estatais. A maior concentração esta na faixa entre R$ 2,5 mil e R$ 5mil.
Uma equipe comandada pelo ex-chefe da Casa Civil Jose Geraldo Maciel mantinha atualizada a contabilidade do fisiologismo, segundo mostramos documentos. Eles trazem a relação nominal dos apadrinhados, a maioria cabos eleitorais, tabelas de distribuição de cargos por parlamentar e ate um gráfico para classificar a posição de cada quinhão no governo do Distrito Federal. A assessoria do governo do DF informou que a distribuição de cargos de confiança entre aliados e uma pratica legitima,com uma qualquer governo.
Mas na mesa de Arruda, segundo os documentos apreendidos, havia assento para todos. Inclusive para partidos que reivindicam bandeiras da moralidade, como PDT, PPS e PSB, que figuram na lista ao lado de partidos de histórico fisiológico, como PMDB, PP,PTB e DEM.
Entraram na partilha ate parlamentares que construíram carreira na esquerda, como o ex-comunista e ex-secretário de Saúde Augusto Carvalho (PPS), que indicou 65 pessoas.
Estão la também inimigos ferrenhos, como o ex-governador Joaquim Roriz (11 indicações), que nem mandato tem atualmente. Dois integrantes de partido de oposição também estão na relação: os petistas Sigmaringa Seixas, ex-deputado (dois cargos), e Chico Leite, deputado distrital, com um emprego de R$ 882,17.
CRITERIO
O planejamento baseia a distribuição de cargos num ""sistema de pesos"", conforme o perfil do aliado. Exemplo: um deputado distrital tem peso (1.0), maior que um federal (0,7) e portanto pode indicar mais apadrinhados.
Se o distrital tiver atuado na campanha, o peso sobe para 1,3, e se ele ocupar uma secretaria a cotação vai a 1,5. A maior nota vai para o que ocupa uma administração regional (1,7), por conta de seu contato direto com eleitores.
Mas a grande farra ocorreu mesmo na Camara Distrital.
Dos 24 deputados, 19 são da base aliada e quase todos ultrapassaram a cota de 80 indicações. A campeã foi a deputada Eliana Pedrosa (DEM), com 318 nomeados, que embolsam R$ 361,4 mil mensais, ou 12,8% do total.
Entre os federais, os campeões são os deputados Alberto Fraga (DEM), que acumula irregularmente o mandato com o cargo de secretario de Transportes (113); Izalci Lucas (DEM), secretario de Ciência e Tecnologia(106),e Bispo Rodovalho (PP), secretario do Trabalho (101).