Título: Paulo Octávio fica no governo,mas carta de renúncia está pronta
Autor: Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2010, Nacional, p. A10

Governador em exercício afirma que vai aguardar as decisões do STF, que ""podem mudar o destino de Brasília""

Mesmo isolado e sem apoio de seu próprio partido, além de ser alvo de cinco pedidos de impeachment, o governador interino do Distrito Federal, Paulo Octavio (DEM), anunciou ontem que ficara no cargo. Após haver redigido a carta de renuncia no fim de semana, como antecipou ontem o Estado,ele decidiu permanecer a frente do governo, aproveitando a indefinição do Supremo Tribunal Federal (STF) quanto ao pedido da Procuradoria-Geral da Republica para intervenção federal no DF.

A decisão foi divulgada durante entrevista coletiva no Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, depois de inúmeras idas e vindas. Ele disse que já tem pronta a carta de renuncia,mas resolveu esperar mais alguns dias. Depois de muito conversar com meus assessores, tive essa peca pronta.

Contudo,durante essa tarde ouvi apelos de muitos partidos políticos, de secretórios, da imensa maioria da população brasiliense, afirmou.

O governador em exercício avisou que vai aguardar as decisões do STF, que ""podem mudar o destino de Brasília"". A corte deve deliberar tanto sobre o habeas corpus pedido pelo advogado do governado afastado, Jose Roberto Arruda,como em relação a intervenção.

Paulo Octavio encerrou o pronunciamento dizendo que a decisão de aguardar para anunciar a eventual renuncia foi recomendada a ele pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se encontrara pela manha.O Planalto desmentiu a versão e Paulo Octavio foi obrigado a voltar atras, em nota divulgada a noite. O governo do Distrito Federal vem esclarecer que, durante seu discurso, nesta quinta-feira,no momento em que falava de improviso, o governador interino do DF,Paulo Octavio, disse, inadvertidamente, que o Excelentíssimo Senhor Presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria recomendado que ele permanecesse no governo.

Na realidade, em nenhum momento Sua Excelência o presidente fez qualquer sugestão, recomendação ou proferiu qualquer manifestação sobre sua permanência ou não no cargo, diz o texto.

ISOLAMENTO

Ainda na coletiva, ele reclamou da falta de apoio político. Estou convicto da importância da governabilidade, mas tenho limitações que me são impostas pela falta de apoio de importantes setores da comunidade de Brasília, disse. Ele citou que, na eleição passada, cedeu o lugar a Arruda. Renunciei ao direito de me candidatar ao governo, mas não posso ainda renunciar da obrigação de servir Brasília. A pressão mais forte para que ele deixe o cargo vem do próprio partido. Por nota, a Executiva Nacional do DEM solicitou que os filiados deixassem os cargos no governo, ""independentemente de quem esteja respondendo pela chefia do Executivo"".