Título: Lupi promete a Dilma apoio do PDT em eleição plebiscitária
Autor: Monteiro, Tânia
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/01/2010, Nacional, p. A8
Pedetista defendeu a ""continuidade"" e ministra emendou: ""Continuidade para nós é avançar""
A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, recebeu ontem do ministro do Trabalho e presidente licenciado do PDT, Carlos Lupi, o apoio da legenda à sua candidatura à Presidência, durante almoço em sua casa, na península dos ministros, em Brasília. "O partido tem um compromisso nacional. A nossa candidata é a ministra Dilma. Vamos de corpo e alma, sem contrapartida", declarou Lupi, que defendeu "uma eleição plebiscitária para que fique claro quem é contra e quem é a favor da continuidade do governo Lula".
Ao lado da ministra Dilma, Lupi disse que ela "garante a continuidade do governo Lula, com a obrigação de ser melhor ainda, já que a nossa tarefa é sempre suplantar porque senão estamos igual à mesmice que muitos representam".
Dilma, que estava ao seu lado, emendou dizendo que "continuidade para nós é avançar". Ela, porém, fez questão de ressaltar que ainda não é candidata. "Na realidade sou uma provável futura candidata. Mesmo em fevereiro, ainda serei pré-candidata, porque candidata só com a convenção", afirmou a ministra. A reunião da Executiva Nacional do PT está marcada para fevereiro, quando ela será lançada pelo partido. E a convenção do PT, em junho, vai confirmar a indicação.
Participaram da reunião, na casa da ministra, lideranças do PDT e do PT. Com relação ao candidato à vaga de vice na chapa presidencial, a ministra disse que essa conversa ainda não ocorreu. "Essa discussão só vai ocorrer se eu for, a partir de fevereiro, indicada candidata do PT", afirmou.
PROGRAMA DE GOVERNO
Lupi negou que tenha interesse em manter o Ministério do Trabalho com o partido ou ampliar os cargos na Esplanada. Afirmou que o interesse do partido é programático e quer discutir ampliação das vantagens trabalhistas, como a redução da carga horária de 44 para 40 horas, com a manutenção do salário.
O líder do PDT na Câmara, deputado Dagoberto Nogueira Filho (MS), informou que o partido apenas pediu à ministra para integrar a comissão que vai elaborar o programa mínimo de governo.
Lupi admitiu que o PDT poderá ter dificuldades, em alguns Estados, de reunir um único palanque de apoio à Dilma, mas alegou que as questões regionais serão resolvidas. No almoço, foi feito balanço detalhado, ficando definido que onde houver problemas, como no Maranhão, a ministra terá dois palanques. O PDT deixou claro que não está disposto a abrir mão de candidaturas viáveis como a de Jackson Lago. Uma má notícia para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), aliado do Planalto. Lago é o principal adversário de sua filha Roseana, que governa o Maranhão e é candidata à reeleição.
No Paraná, os dois partidos costuram acordo em torno da candidatura do senador Osmar Dias (PDT) a governador. Pelo acerto, uma vaga ao Senado fica para Gleisi Hoffmann (PT), mulher do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Sobre a ligação do PDT com o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), Lupi admitiu que, se o mineiro fosse candidato à Presidência, a decisão do PDT poderia ser outra. "Mas nunca disse que eu não apoiaria a ministra Dilma", afirmou Lupi, lembrando que já havia garantido a Lula que, se a ministra fosse candidata, o partido não teria nenhuma dificuldade em apoiá-la.