Título: ETH e Brenco unem operações e planejam investir R$ 3,5 bi até 2012
Autor: Pacheco, Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/02/2010, Negocios, p. B15
Meta da nova empresa é se transformar na líder mundial na produção de etanol de cana e de bioenergia
GIGANTE - Grubisich (D) assumirá o comando da nova empresa; Reichstul deve retomar a carreira de conselheiro profissional de empresas
A missão é ambiciosa. No anúncio que confirmou a incorporação da Brenco pela ETH, ontem, o presidente da nova empresa, José Carlos Grubisich, disse que a meta é ser líder mundial na produção de etanol e bioenergia até 2012. A empresa nasce com projeção de ativos de R$ 7,3 bilhões em 2012, quando todas as usinas estiverem em operação.
O contrato da nova ETH Bioenergia foi assinado por Grubisich e pelo presidente da Brenco, Henri Philippe Reichstul. As companhias não entraram com dinheiro, apenas com os ativos. Os acionistas da Brenco terão 35% do negócio e três cadeiras no conselho. A ETH, controlada pelo Grupo Odebrecht, terá a maioria do capital, com 65% das ações e sete conselheiros. O plano é investir R$ 3,5 bilhões até 2012. Juntas, elas já investiram R$ 3,8 bilhões.
Nos planos para 2012, a ETH quer produzir 3 bilhões de litros de etanol, 2,7 mil GWh/ano de energia e de 550 mil a 600 mil toneladas de açúcar. A meta é moer 40 milhões de toneladas e faturar R$ 4 bilhões daqui a dois anos. Se a líder do setor, a Cosan, não fizer nenhum movimento de aquisição ou partir para investimentos agressivos, a ETH poderá ocupar a liderança mundial em etanol de cana, como planeja.
A ETH, que tem como sócia a Sojitz, entra no negócio com cinco usinas em operação. A Brenco, cujos principais acionistas são BNDESPar, Tarpon Investiment e Ashmore, agrega à nova empresa duas usinas prestes a começar a moer e outras duas em fase de projeto. O foco é etanol e energia, mas a ETH quer manter uma base de produção de açúcar para dar equilíbrio ao negócio.
Também está nos planos da ETH acelerar o projeto da Brenco para a construção de um alcoolduto que ligará a produção no Alto Taquari, no Centro-Oeste, ao Porto de Santos. Dependerá de parceiros que queiram se associar. A Petrobrás tem dutos ligando Paulínia, no interior paulista, a Santos, e seria uma parceira interessante. O projeto, que está em fase de licença ambiental, tem previsão de até três anos de obras, num total de 1.120 quilômetros.
No modelo de negócio da empresa, 40% dos investimentos serão com capital próprio e 60%, com empréstimos. Já se fala de abertura de capital na Bolsa (IPO). "Não é o objetivo inicial, mas, como a liderança exige um modelo de alta competitividade, o IPO deve ser feito até 2012", disse Grubisich.
Está na mira de Grubisich expandir os negócios para a América Latina e continente africano - a Odebrecht já tem uma parceria em uma usina em Angola. "Não é prioridade fazer aquisições ou cuidar da expansão internacional, mas é claro que não vamos ficar com o radar desligado", diz.
Reichstul ficará na empresa até abril, ao lado de um comitê de transição. Depois, retomará a carreira de conselheiro de empresas. Atualmente, faz parte do conselho de administração de três companhias estrangeiras: Repsol, Peugeot Citroën e EIA, do setor de energia. "Pode ser que eu agregue outros conselhos", disse.
MAIS RECURSOS
Nas próximas semanas, antes de deixar a empresa, Reichstul terá de cuidar da chamada de capital de R$ 655 milhões entre os acionistas da Brenco. Os recursos captados na operação da Brenco serão utilizados para completar as quatro unidades da empresa, que ainda não entraram em operação, segundo Reichstul.
Conforme o presidente da Brenco, desse total, R$ 380 milhões serão obtidos por meio da conversão de dívida em ações e R$ 275 milhões em aporte de dinheiro novo.
Desses R$ 275 milhões, cerca de R$ 55 milhões deverão ser injetados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),de acordo com o presidente José Carlos Grubisich.