Título: Câmara deve dar largada hoje a processo de sucessão
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2010, Nacional, p. A4

A largada oficial da sucessão do governador licenciado do DF, José Roberto Arruda, deverá ser dada hoje quando a Câmara Legislativa aprovar abertura de processo de impeachment contra ele. O processo é complexo porque o vice-governador Paulo Octávio também está envolvido nas denúncias do "mensalão do DEM", terá dificuldades políticas para sobreviver no cargo e já fala em renúncia.

Os problemas não param aí. Terceiro na linha sucessória, o presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima (PR), está sendo pressionado a abrir mão da pretensão de ocupar a cadeira de governador e o PT não quer nem ouvir falar na hipótese de o vice-presidente da Câmara, cabo Patrício, assumir o posto. Nesse caso, o governo ficaria com o presidente do Tribunal de Justiça do DF, desembargador Nívio Geraldo Gonçalves. Como o mandato de Nívio acaba em 26 de abril, os políticos trabalham com o nome do sucessor já eleito, desembargador Otávio Augusto Barbosa.

INTERVENÇÃO

Se a Justiça decidir pelo relaxamento da prisão de Arruda, ele volta automaticamente à condição de governador do DF. Mesmo na cadeia, ele é o governador de fato. Apenas no caso de renúncia ou impeachment de Arruda é que a sucessão começará para valer.

Para se livrar de um desgaste duplo, primeiro com Arruda e depois com o vice, a cúpula do DEM aposta na renúncia de ambos. E mais: torce para que o governo federal abrevie o desgaste decretando intervenção no DF.

É o que também defende o PSB, presidido em Brasília pelo deputado Rodrigo Rollemberg. A Executiva Estadual do partido se reuniu ontem e concluiu que a intervenção federal é a melhor saída. "É uma medida extrema, mas é legal e a única cabível diante do nível de contaminação das instituições", diz Rollemberg. Ele acredita que é preciso ter alguém de fora das disputas políticas locais no comando da cidade para "fazer uma faxina ética e conduzir com isenção o processo eleitoral".

Diferentemente do PSB, o PT teme que a intervenção federal seja uma ameaça à autonomia política do DF. Diante da gravidade da crise, parlamentares da base de Arruda e da oposição acreditam que a intervenção fará suscitar o debate do fim da Câmara Legislativa, voltando a situação anterior à Constituinte de 1988, quando o DF tinha apenas a representação no Congresso Nacional.