Título: Resolução fala em agregar forças políticas de centro
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2010, Nacional, p. A6

Maior problema continua sendo a dificuldade de fechar alianças formais com PMDB em ao menos 11 Estados

Sem conseguir casar de papel passado com o PMDB em vários Estados, o PT deve aprovar amanhã uma resolução dizendo que a vitória na eleição dependerá da "capacidade de agregar forças políticas de centro". O documento sobre tática eleitoral e política de alianças não cita o PMDB, mas observa que, para o PT ter sucesso na tarefa de "transformar as eleições em uma disputa de projetos antagônicos", é importante constituir a mais ampla frente de partidos aliados do governo Lula.

Apesar de afirmar que o PT deve se esforçar para reproduzir nos Estados a frente de apoio à candidatura da ministra Dilma Rousseff, a cúpula petista admite um "acordo de procedimentos" na campanha para a montagem de dois palanques.

O PT e o PMDB enfrentam dificuldades para acertar coligações em Minas, Bahia, Pará, Ceará, Maranhão, Mato Grosso do Sul e Paraná. Há, ainda, parcerias tidas como impossíveis em São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Pernambuco.

O caso que mais preocupa o comando do PT é o de Minas. Lá, o partido tem dois pré-candidatos (o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias), mas o PMDB não abre mão de lançar o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Nas últimas semanas, surgiu o fator Alencar. Para resolver o imbróglio, o vice-presidente José Alencar (PRB) pode entrar na corrida.

"Antes de tudo, é fundamental resolver nossa cizânia interna", diz o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra. No caso do Maranhão, o deputado Domingos Dutra mostra inconformismo com a tentativa da direção petista de incentivar a aliança com a governadora Roseana Sarney (PMDB), candidata à reeleição. "O PMDB tem a obrigação de apoiar Dilma", afirma. "O partido tem seis ministérios, uma penca de cargos e o comando da Câmara e do Senado. Por que temos de ser empurrados para Sarney? Não aceitamos ser cassados em pleno governo Lula."

No primeiro esboço da proposta a ser apresentada ao 4º Congresso do PT, a cúpula do PT insinuava com mais ênfase a possibilidade de intervir em diretórios que se recusarem a cumprir a orientação nacional de aliança com o PMDB. Embora a hipótese ainda exista, o texto ganhou contornos mais amenos.

De qualquer forma, o texto caprichou nas alfinetadas. Afirma que a disputa será "uma das mais polarizadas" da história e contrapõe o projeto petista ao tucano. Na avaliação do PT, os "neoliberais" da aliança PSDB-DEM estão "encurralados ideologicamente" e quebraram o País "três vezes". "O ano de 2010 pode significar o prosseguimento, o caminho aberto por Lula, ou a volta ao modelo neoliberal", diz um trecho. V.R.