Título: Cinco Estados têm registros de epidemia de dengue, diz ministério
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/02/2010, Vida&, p. A18
Cidades de MS, MT, GO, AC e RR estão nessa situação; em Campo Grande, inseticida deixou de funcionar
Lígia Formenti, BRASÍLIA e João Naves, ESPECIAL PARA O ESTADO, CAMPO GRANDE
O Ministério da Saúde confirmou que há epidemia de dengue em municípios de cinco Estados do País - Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima e Goiás. Ainda segundo a pasta, com a maior movimentação de pessoas no carnaval, há maior risco de que a doença - até agora concentrada em áreas de menor densidade populacional - se espalhe.
"Há sempre o risco de o carnaval mudar o comportamento da epidemia", afirmou o coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Evelim Coelho. As autoridades da saúde consideram que há epidemia quando a incidência da doença atinge 300 casos por 100 mil habitantes.
No início do mês, o governo federal já havia alertado sobre o risco de epidemia por causa da volta do vírus tipo 1 da dengue, que não circulava havia dez anos. A ausência de infecções pelo sorotipo faz com que muitas pessoas, principalmente crianças, ainda não estejam imunizadas contra ele, o que facilita o crescimento de casos. Segundo a pasta, São Paulo, Rio, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Roraima, Tocantins e Piauí são os locais de maior risco por já terem a predominância do "novo" vírus.
De acordo com Coelho, um fato tranquilizador é que não houve registros de aumentos significativos da doença em São Paulo, Rio, Salvador, Fortaleza ou Belo Horizonte.
No entanto, a doença é epidemia em dez cidades de Mato Grosso do Sul, entre elas a capital, Campo Grande, segundo afirmou ontem o médico responsável pelo setor epidemiológico do Estado, Eugênio Barros. A capital lidera a lista com 7.229 suspeitas registradas durante janeiro deste ano, das quais 826 confirmadas. No mesmo mês do ano passado, foram registradas 149 notificações com 16 confirmadas. Além de falta de colaboração da população, Barros admite que o veneno usado contra o mosquito falhou. "Passamos a usar um composto para matar a larva e o mosquito adulto que parece não estar dando resultado."
Em Mato Grosso, as notificações tiveram um crescimento de 804% comparadas às de 2009. Desde janeiro foram 12.666 casos e 5 mortes confirmadas pela doença.
No interior de São Paulo, há epidemia em São José do Rio Preto e Araçatuba, onde a prefeitura decidiu multar moradores que deixam água parada nos imóveis e donos de terrenos, de obras em construção e de imóveis desabitados. Outros locais estão sob risco. Em Ribeirão, onde o índice é de 178 casos por 100 mil moradores, o município iniciou nebulizações. No Guarujá, em janeiro há 130 confirmações (contra 81 ao longo de 2009). COLABORARAM CHICO SIQUEIRA, ESPECIAL PARA O ESTADO, BRÁS HENRIQUE E REJANE LIMA