Título: Governador se apresenta à Polícia Federal
Autor: Costa, Rosa ; Moura, Rafael Moraes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2010, Nacional, p. A5

Arruda foi acomodado num espaço com cama, banheiro e sem grades

Preso na Polícia Federal, o governador José Roberto Arruda (sem-partido) foi acomodado num espaço com cama, banheiro privativo, sem grades, apelidada de "sala de Estado-Maior". Segundo informou a Polícia Federal, ele seria mantido isolado, sob a vigília de um segurança, em uma sala da Diretoria Técnico-Científica, localizada no prédio do Instituto Nacional de Criminalística da PF, em Brasília.

Depois de ser informado da decisão do STJ, por volta das 17h25, Arruda saiu da residência oficial em Águas Claras. Chegou ao prédio da PF 15 minutos depois, em um Honda Accord, seguido de outros três veículos de um comboio. Vestia calça e camisa sociais e aparentava estar tranquilo. Apresentou-se às autoridades antes de a PF receber o pedido de prisão preventiva do STJ. A Polícia Federal, porém, estava alerta. Tão logo soube da decisão do ministro Fernando Gonçalves, do STJ, decretando a prisão de Arruda, fechou as saídas de Brasília.

Arruda foi examinado por um perito médico da própria PF, que atestou seu estado de saúde como "apto" a permanecer preso. Seus advogados terão acesso livre ao local, a qualquer hora do dia ou da noite, mas as visitas de familiares, amigos e assessores serão restritas aos horários permitidos, durante o dia.

Enquanto a imprensa se aglomerava no local à espera da chegada do governador, motoristas já buzinavam perto do edifício, comemorando a decisão do STJ. Cinco integrantes do movimento "Fora, Arruda" acompanharam a movimentação no prédio da PF, mas foram retirados das proximidades do local.

"Este dia é apenas mais um passo desse processo, que vai durar o ano inteiro possivelmente até a gente ter um DF que seja justo e igualitário, em que interesse de empresários, burocratas e de algumas pessoas não se sobreponha aos interesses da população", disse o cientista social Paulo Fernandes, de 25 anos, integrante do movimento.

O objetivo dos membros do movimento era seguir para o STF e pressionar os juízes para que não aceitassem o pedido de habeas corpus do governador licenciado.

O secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, considerado um dos mais próximos auxiliares de Arruda, afirmou que o episódio de sua prisão "é um constrangimento, mas não é uma derrota para o governo". COLABOROU CAROL PIRES