Título: Petistas ironizam fala de Serra
Autor: Duailibi, Julia
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/01/2010, Nacional, p. A4

Para Vaccarezza, negar liderança desqualifica oposição

Integrantes do governo e lideranças do PT preferiram ontem ironizar as declarações do governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Presidência, para quem "candidato a presidente não é chefe da oposição". O líder petista na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), disse que a afirmação de Serra ao Estado desqualifica a oposição. "A oposição não tem nem rumo, como é que poderia ter chefe? Concordo com o Serra", afirmou. "Até o próprio governador reconhece que a oposição não tem líder."

Para Vaccarezza, a declaração do governador a respeito da intenção de não fazer uma campanha que compare os governos Lula e FHC atesta a "falta de coragem" do tucanato. "O PSDB se limita a criticar pontualmente porque eles não têm coragem de defender o passado. Eles não têm proposta para se contrapor ao governo Lula e não têm projeto de desenvolvimento para o futuro", disse.

O secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Cardozo (SP), afirmou que a declaração de Serra retrata a dificuldade do discurso da oposição para as eleições deste ano. "É uma confissão de fraqueza e mostra a saia-justa em que a oposição se encontra em 2010", disse Cardozo. Para ele, a oposição exerce hoje seu papel de modo envergonhado. "É uma oposição que não assume seu papel, que não quer comparação."

No Planalto, a avaliação ontem foi a mesma: falta à oposição uma bandeira mínima para a campanha de Serra. De acordo com auxiliares do presidente Lula, e integrantes da campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), quando Serra diz que não é o chefe da oposição, ele está deixando claro que terá trabalho para mostrar sua identidade na campanha.

Para o Planalto, que aposta no confronto e na comparação entre os governos de FHC e Lula, Serra não terá como manter a estratégia de fugir das críticas ao governo federal, porque os repórteres o indagarão sobre isso. Acabará por responder a alguma das perguntas e mostrará que é um antagonista das ações da gestão petista. Nesse momento, de acordo com os estrategistas da campanha de Dilma, será a vez de mostrá-lo como oposição à política de Lula.

Ainda de acordo com os auxiliares do presidente, Serra não terá como se isolar dos partidos de oposição. Até porque esses partidos também terão candidatos.