Título: Europa quer governo econômico
Autor: Chade, Jamil
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/02/2010, Economia, p. B9

Zona do euro busca estratégias para sair da crise que ameaça a moeda

O atual ritmo de recuperação da Europa é insuficiente e ameaça deixar a região estagnada por meses. O alerta é do próprio presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, que ontem marcou sua estreia no cargo em uma cúpula. Seu recado, porém, foi de advertência.

"O modelo de vida europeu está ameaçado", afirmou. Os 27 países da União Europeia (UE) entraram em acordo ontem para acelerar a ideia de criação de uma espécie de "governo econômico" para a região, com uma maior coordenação em áreas fiscais e orçamentárias.

"Precisamos de uma estratégia. A Europa está em crise há dois anos e essa crise é sem precedentes", alertou o belga. "A economia está fragilizada e a recuperação está sendo muito lenta para gerar os empregos necessários para apoiar o modelo de vida europeu."

Em crise, com sua moeda sob ataques especulativos, sem coordenação e com baixa taxa de crescimento, a UE se deu conta que não pode manter sua posição central na economia mundial se não buscar uma nova estratégia de crescimento.

"Precisamos de um novo modelo de crescimento e de economia social de mercado", disse José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia. " Temos de dar respostas conjuntas", disse. "Nosso potencial de crescimento foi cortado pela metade com a crise. Se não fizermos nada, terminaremos a década com uma taxa de crescimento muito baixa."

O português culpou o comportamento dos bancos pela estagnação. Segundo ele, apesar dos bilhões recebidos dos governos, as instituições financeiras não voltaram a emprestar nos volumes necessários. "Nosso sistema financeiro precisa ser arrumado", defendeu.

Ontem, a Espanha confirmou que é a última grande economia da Europa ainda em recessão. A queda do Produto Interno Bruto ( PIB) em 2009 foi de 3,6%. No último trimestre, a quinta maior economia da Europa sofreu uma retração de 0,1%.

A perspectiva é de que, hoje, a UE anuncie que o Produtp Interno Bruto da região teve uma alta de 0,4% no último trimestre do ano passado. Para o Banco Central Europeu, a estimativa é de que a zona do euro terá uma alta de 1,2% neste ano com uma taxa de desemprego de 10,5%.